quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Todo amor do mundo

2010 passou voando como uma criança correndo no corredor, fazendo vento e sorriso. Delicioso para mim e espero que para muitos dos meus amigos. Desejo um 2011 com a alegria do que ele já me anuncia e com toda felicidade que compartilho com os meus, desejando sucesso, alegrias, saúde, amor, dinheiro, encontros fantásticos e descobertas surpreendentes para todos.

Anualmente faço uma carta agradecendo e relembrando os acontecimentos do ciclo que se finda. Percebo que a cada nova carta tenho mais realizações e conquistas e vitórias também dos meus. Sempre brinco que um ano fica com inveja do que passou e por isso se esforça para ser melhor, para entrar nas memórias em primeiro lugar. Tem dado certo esse joguinho/brincadeira. Eles tem confiado em mim e se esmeram para serem os melhores de todos os tempos.

2011 será assim para todos nós!

Sei que pode parecer bobagem essa overdose de esperança, de otimismo. Sei que muita coisa ficará na mesma, muita coisa ruim acontecerá, mas acredito na energia que emano para mim mesmo e só quero coisas deliciosas, prazeres e bem estar. Por que num momento em que podemos emanar energia com força eu pensarei no contrário?

Para nós todo amor do mundo!!!!! Me repete Los Hermanos e eu grito sempre.

PS: Estou viajando hoje e só volto ano que vem. Feliz ano novo, e-amigos!

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Benditas coisas

Talvez vire tradição aqui no blog. Ano passado postei a letra desta música em celebração a tudo que vivemos ou deixamos de viver, mas que estão aqí, aqui, fazem parte da gente.

Este ano preferi deixá-las cantar! É linda e desejo avocês tudo de melhor, todas as coisas Benditas.

Obrigado pela companhia e presença que preenchem minhas madrugadas.

Benditas (Martinália e Zélia Dunkan)

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Os pequenos rituais

Hoje levantei com preguiça, como normalmente acontece. Esticando o corpo incomodado com o lençol embolado, com a claridade na janela. Estiquei o esqueleto torto, calcei os sapatos e fiz tudo igualzinho como sempre faço: xixi, dentes, meleca, remela, espelho, água, cara, mãos..... me dei conta de que meus pequens rituais diários não mudam há tanto tempo e existem pequeninas coisas que me fazem acordar. Se não faço determinado gesto, meu corpo não entende que acordou. Sorri vendo minha cara amarrotada e saí pro café.

Hoje não tive o ritual do café com leite na xícara e uma bolacha apenas. Meus rituais são tão simples! Por causa da doença meu dia começa com gosto do que não gosto, sem vontade de sair do acordar e começar o dia.

Hoje brinquei com eu sobrinho, dançando uma dança que ele coreografou. Dançamos quase todos os dias e esse ritual que é tão recente me deixa tão feliz! A dança e o amor do pequeno, tudo junto.

Hoje já estou escrevendo aqui que é meu portal para dentro de mim.

Hoje o dia promete ser sereno, sem grandes alterações. Assim espero!

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Quase uma escrita livre

Já em casa depois da alta na sexta-feira.
Continuo tomando medicação.
Estou me sentindo e sem dores.
Hoje entrei em contato com o CREMEB e irei fazer a queixa do erro médico do Hospital Espanhol.
Passei o dia pensando no cartão deste ano. Sempre fiz cartões de Natal.
Quando ainda estava em Santo Amaro eu fazia com colagem e individual, cada pessoa tinha um personalizado. Eu adorava!
Agora fico fazendo no computador e consigo chegar em mais pessoas.
Tenho tomado bastante sopa e o médico passou uma vitamina péssima.
Tenho que cuidar da alimentação.
Repousar.
Comecei a organizar a segunda temporada d"O Corpo perturbador.
Não consigo ficar sem trabalhar.
Lendo projeto para voar com Judite e Odete.
Mainha está ótima de saúde.
Minha irmã é a melhor do mundo.
Meu sobrinho é a alegria de minha vida.
Meu amor está firme e forte.
Meus dedos estão doendo de tanto digitar.
Os amigos são os melhores.
Eu amo parar aqui mesmo que seja para não fazer nada.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Do açougue, do restaurante, do hospital

Terça-feira começou minha via crucis em plena época de Natal. Há quatro dias eu sentia uma dor na parte inferior esquerda do abdomen. Achei que tinha a ver com o esforço exagerado que faço no esptáculo e deixei passar. Ontem resolvi procurar as emergências dos hospitais próximos a minha casa. Primeiro passei no Espanhol onde fui atendido pelo Dr Gustavo Duran. Este profissional sentado atrás da mesa estava, sentado atrás da mesa continuou. Me fez algumas perguntas que respondi com os sintomas que eu sentia. Satisfeito com minhas explicações diagnosticou de cara "é muscular". Não se levantou para avaliar meu abdomen e foi logo receitando relaxante muscular. Eu que trabalho com e entendo perfeitamente meu corpo, sabia que não era dor muscular e lógico que não segui as recomendações médicas.

Chegando em casa me senti febril e me preocupei um pouco mais. Me dirigi ao Hospital Português que como sempre estava com emergência lotada e placa pedindo para os pacientes procurarem outro estabelicimento. Insistimos (eu e minha irmã) e fomos atendidos. O que eu pensava ser uma consulta de no máximo quatro horas está durando até agora com minha internação a aprtir do diagnóstico de diverticulite.

A espera para os exames ainda na terça-feira a noite foi grande. Foi solicitada uma tumografia para avaliar se seria problema intestinal ou urinário o que causava aquela dor intensa. Chegando na sala do exame informei que sou alérgico a caranguejo e siri, fizeram a tumografia sem o contrastee depois disso resolveram repetir o exame com este procedimento. Para isso foi necessário fazer uma desensibilização o que me obrigou a dormir no hospital. A novela começa ai.

As 2:30h da madrugada tomei a primeira medicação e fui informado que as 8h da manhã repetiria o procedimento e as 9h tomaria uma injeção para enfim ser encaminhado ao exame com o contraste. Pois bem, uma noite incômoda, apreensiva porque eu não sabia o que se passava, minha cabeça só me dizia coisa ruim, chorando com medo. As 9h me deram a injeção e enfiaram um acesso na veia para que fosse aplicado o tal contraste. "senhor, daqui a pouco o senhor vai fazer a tumografia". nervoso eu esperei até meio-dia, vendo pessoas que chegaram naquela manhã serem atendidas antes de mim. eu que estava sem comer desde as 16h do dia anterior, com fome e sede pois nem água eu podia beber. Quando percebi que eles estavam me esquecendo ali, largado, o médico da madrugada nem se aproximou de mim para saber se eu estava com dor ou alegre. Comecei a me desesperar, desci da maca, sentei na minha cadeira e comecei a brigar, em voz bem alta, contra o desrespeito que estavam fazendo comigo, comecei a chorar. Então, vi o chefe da emergência do Hospital Portugês, um Dr. Renato Valente, conversando com meu acompanhante. Então repeti para ele que eu estava com fome, com sede, nervososem saber o que estava acontecendo e que eles estavam me enganando, me fazendo de idiota, informando toda ora que eu seria o próximo atendido, mas que toda hora outra pessoa entrava na minha frente.

Este cidadão,  Dr. Renato Valente, achou ruim minha reclamação e começou a me tratar mal,como se eu não tivesse direito de reclamar ou estar estressado. Disse que não falaria comigo enquanto eu não me acalmasse, que eu não gritasse, que o procedimento era aquele se não eu teria morrido, que eu teria que esperar 12 horas, etc etc etc... eu fui chorando mais ainda e me retirei do sala onde ele havia me levado. Procurei o médico que me atendeu anteriormente pedindo que ele fosse verdadeiro comigo, pois eu precisava saber o que estava se passando. Ele então me disse que seu colega não estava sabendo o que aconteceu e que aquela informação das 12 horas não era verdadeira, haviam feito um procedimento que agilizou a desensibbilização e que eu desceria para o exame.

Depois de todo o escândalo que foi necessário fazer, eles me encaminharam para a tumografia. Minha irmã me pedindo calma, mas como poderia me acalmar numa situação dessa? Somente com a reclamção e três horas de atraso, eles que me diziam o tempo todo que eu já desceria, resolveram me levar.

Quando voltei, meu acompanhante disse que o Dr. Renato Valente lhe falou "não trabalho em restaurante, nem lanchonete" para lidar com uma situação daquelas. Numa total demonstração de falta de ética e de sensibilidade. Porque ele se trabalhasse num desses estabelicimentos com certeza faliria, mas como tem o "poder" da medicina em mãos e nós não pagamos diretamente a ele por aquele serviço, somos obrigados a nos deparar com figuras com esta que não tem o menor cuidado com as pessoas com quem trabalha. Na noite anterior ele chegou na recepção do hospital, passando na frente de todo mundo colocando uma pessoa conhecida na fila para ser atendida antes do que os outros.

Dr. Renato Valente não trabalha em restaurante, nem lanchonete, mas faz do hospital onde exerce sua função um açougue. Somente quando ele viu que não estava a par do que aconteceui comigo, quando seu colega falou em sua frente que ele estava enganado e que o procedimento que ele afirmava ser para proteger a minha vida não condizia com tudo que já tinha passado, ele sem pedir desculpas mudou o tom de voz, mas aí já era tarde demais, o mal que me fez já estava impregnado no meu corpo.

E ao Dr. Gustavo Duran informo que uma diverticulite não se trata com muscolare. Eu nem estudei medicina para saber que é preciso analisar com cuidado os pacientes. Se eu tivesse mentido dizendo um quadro diferente do que eu sentia, ele teria feito como pai de santo charlatão, adivinharia minha doença. Para isso não precisa ficar tanto tempo numa faculdade. Abre uma tenda e coloca

"PAI GUSTAVO DURAN atende", cuidado para não levar o colega Renato Valente como coordenador porque pode falir  seu negócio.

Haja incompetência na área de saúde, viu? E assim ficamos a mercê de profissionais, (ops) profissionais? como estes.

O que salva são os outros profissionais atenciosos e delicados, dedicados ao que fazem que me atenderam e estão atendendo para que eu me recupere logo. A equipe de enfermeiros e assistentes da emergência foi muito boa e agora na Unidade Gastro do Portugês também o antendimento é excelente. Uma pena terem colegas como estes que descrevi no início da conversa.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

A dor

Há dois meses venho sacrificando meu corpo, fazendo esforço alémd e seu limite, cansando-o, estressando-o, sem alimentá-lo direito nem de comida nem de repouso. Minha cabeça (que também é corpo, óbvio) não entende isso e fica amartelar coisas, a pensar a exigir que trabalhe, trabalhe, trabalhe.

Há quatro dias ele vem se vingando com uma dor no abdômen a infernizar meus dias e principalmente meus finais de madrugada. Daí, a cabeça que é uma louca começa a imaginar coisas e a mandar medo para o coração que pipoca em intervalos variados e aos olhos que lacrimejam sem saber o que estáacontecendo.

Definivamente minha cabeça não se ajuda, não me ajuda.... e a dor continua, numa nítida demonstração de quem quer me fazer parar um instante e tomar cuidado comigo mesmo.

Recebi visita médica que diagnosticou "Colite" (?) é isso? sei lá. Estou tomando medicação e farei exames. Enquanto isso a chuva cai pela janela e parece querer me dizer alguma coisa.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

A CANÇÃO

Era ela

Ninguém sabia
Mas a canção que eu fiz
Era ela

Era ela
A canção que eu fiz
E ninguém sabia

Foi pensando nela
A canção que eu fiz
Com gosto de comida
Comida na panela

Chorei salgando o sorriso dela
Então cantei
A canção que ninguém sabia
Mas era ela

Eu adoraria saber compor música, as vezes sonho com canções, sons, melodias... Escrevi esta poesia (fraquinha) pensando nisso, há algum tempo. Pensei em Stella Maris e sua voz. Fiz para ela. 

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

O descontrole do animal preso

Tenho medo de Clarice Lispector. Não foram poucas as vezes que eu adoeci quando abri seus livros, devorei suas palavras. Há uns dois meses ganhei de presente "Uma aprendizagemou o livro dos prazeres", confesso que tive receio em começar a leitura, enfrentar esse universo de pérolas, fruteiras e faz de conta.

Ainda estou debilitado pois tenho apenas um dia de parido e as emoções começam a brotar nos olhos, na pele, na voz como brotoeja. Hoje é dia de faxina aqui em casa e demorei a sair do quarto esperando a sala estar livre. Fui ao banheiro e vi meu espelhinho rachado na pia. Ele tem dois lados e eu não entendi porque insisti em me ver pelo lado mais comprometido, me via em dois. Assim como tenho me visto em cena. EU falei, depois desse novo trabalho não serei NUNCA mais o mesmo!

Resolvi escrever dedicatória no livro de Clarice. Não no meuporque aí já seria loucura bastante, mas estou com outro "livro dos prazeres" como uma aliança de casamento.O meu está com dedicatória e eu estava devendo a dedicatória para meu amor. Feito isso, começo a descoberta e logo no início me assustei e parei de ler. Perigava ter febre.

Numa das últimas cenas d'O Corpo Perturbador eu me debato como um bicho enjaulado e sempre busco em minhas memórias corporais situações que me tragam este estado, mas Clarice, como adivinha me escreve e esclarece. Como pode?

"os movimentos histéricos de um animal preso tinham como intenção libertar, por meio de um desses movimentos, a coisa ignorada que o estava prendendo - a ignorância do movimento único, exato e libertador era o que tornava um animal histérico: ele apelava para o descontrole"

Fechei o livro e caí num pranto guardado há dias.

Foto de Igor Souza

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

É HOJEEEEEEEEEEE



Fizemos um video/convite, bem ao meu estilo para vocês não esquecerem que começa hoje a temporada d'O Corpo Perturbador e ficaremos até 19/12, as 17:30h, no Pátio do ICBA, Grátis. Sempre de Quinta a Domingo.

Quem puder ajudar na divulgação, eu agradeço muitissimo!

A Produção

Por Catarina Gramacho

Montar quebra-cabeças que ligue o sonho à realidade, apagar incêndios e ver surgir labaredas muito mais fortes a cada reunião, administrar o poder e o querer e ver surgir na dança de um Corpo Perturbador as minhas outras inquietações.







Fotos Diane Portella

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Aco(r)de, Corpo!

E agora…nua, sentada no banco da cozinha, cheiro de lavanda, coluna torta para a esquerda, último comprimido de Valeriana tomado, escutando uma seleção de Jazz que fiz agora há pouco, depois de um dia atípico de arrumação intensa da hora que acordei até agora sem pausa que não seja para comer, eu me pergunto:
O que me perturba no Corpo Perturbador?
Será que vou acordar meses depois da estréia vomitando tudo que vivi?
De súbito tudo virá a tona?
Como pode esse filho recém-nascido tocar na minha imensidão íntima desse jeito?
Mas é um toque pra baixo, profundo.
“Mergulha…” – me diz entre dentes.
E também me diz aos berros.
E me diz numa língua que nem sei…
e me diz aos saltos e chicoteios.
Me diz do alto e também ao rastejar.
E me grita se batendo em seus próprios limites.
Me intimida com olhares que vagam dias na minha imaginação…
E que me deixa com medo, pavor, alegria, tesão, ansiedade, alívio, paz, loucura, contentamento, devaneios, euforia, euforia e euforia  mais três vezes, e me faz SENTIR.

Eu sei que eu sinto, mas…

Me aco(r)de, Corpo!

(Diane Portella)

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

A moldura

Por Nei Lima

Foto de Igor Souza

Qual a imagem desse corpo que perturba pela sua forma e sinuosidade contrastantes com o porte e contorno “elegantes” da modernidade? Ao invés de se submeter à correção da saúde, de se solidificar e endurecer, alia-se ao movimento solto, agita-se, enlarguece a linha da coluna para os lados, enfraquece-se e fortalece-se numa relação ambígua e à disposição do risco permanente entre o chão de relevos e as estruturas aéreas.


A imagem desse corpo se constrói pela bifurcação, a gola vitoriana revela duas dimensões do corpo, hierarquizando-o. As partes altas, “cabeças”, representam o pensamento, a racionalidade, o sagrado e o tronco representa o impulso, o profano, o humano e a sexualidade. Mais do que isso o figurino emoldura a coluna que é o fio condutor da história desse corpo. Corpo solto a revelia e a toda sorte de obstáculos, como um bicho a digladiar no território da instabilidade.


Foto de Alessandra Nohvais

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Porque o inferno são os outros

"Creio que seja impossível, num processo de criação artística, não se colocar inteiro. Corpo e alma. Sensações, emoções, vibrações, desejos, memórias do que se viveu e do que ainda há de vir. Toda obra artística, para mim, é de alguma maneira autobiográfica, principalmente quando criada por gente passional como nós.

Pelo relato de Lorena., imagino que o Corpo tenha tomado forma de acordo com o seu momento na ocasião da concepção do espetáculo. Mesmo que assim não fosse, inevitavelmente você iria fundo nas questões emocionais, porque você é todo emoção. Dedo na ferida. Sempre. Mergulho no poço escuro e fundo de nós mesmos. Revelar o que negamos, o que desconhecemos. Mexer, perturbar, tirar do eixo, desestabilizar. Você é provocador por natureza. Já nasceu assim. Vai morrer assim!

Me vi inteira no espetáculo. Vi minha vida retratada de maneira metafórica. Eu e a minha luta diária, não com o outro, mas comigo mesma. Emoção e razão disputando seu lugar dentro de mim. Eu e eu disputando espaço. Caminhando no desconhecido labirinto das emoções vagas e difusas. Mas também vi o "me reconhecer no outro" e me pertubar com isso. "Porque o inferno são os outros." E quando a gente se vê no outro de uma maneira que não nos agrada, e é obrigado a perceber que o outro também somos nós... isso perturba, enfraquece, desestabiliza. É como estar diante de uma esfinge, que te diz: -Decifra-me E te devoro! E ninguém quer ser devorado... então ficamos perambulando por estradas escuras onde não se sabe quem somos e nem pra onde vamos.

Tive vontade de chorar lendo o que Lorena escrevera. Nesse meu "momento" meio louco, já pertubada por emoções (des)conhecidas, foi desconcertante (assim como rever um grande amor rsrsrs...) "assistir" ao Corpo. Aumentou o meu desejo de ver essa criança nascer... eu, que de algum modo, ajudei a concebê-la. Mas a vontade de chorar também é de orgulho de ser tua... que torna o mundo mais bonito com sua poesia erótica e visceral. Você que torna tudo mais... quando se mostra ao mundo assim escancarado, verdadeiro, pura essência. És essencial pra mim.

Ah... o teu olhar melhora o meu."

Cléa Ferreira (http://epifaniasealumbramentos.blogspot.com/)

O Corpo Perturbador http://ocorpoperturbador.blogspot.com/ estréia quinta-feira, 09/12, as 17h:30min, no pátio do ICBA, ENTRADA FRANCA

Foto de Marcos (Miniusina de Criação)

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Sweet amor




A viagem mais bonita e mais demorada que vivi até hoje foi/está sendo em sua companhia. Tudo começou com o sim dos olhares num canto escuro de música alta e gente bebendo. A faísca acendeu e nos aproximamos para nunca mais largar. Com ele aprendi a delicadeza e companheirismo e uma coisa que eu podia imaginar o que era, mas nunca tinha vivido de verdade. E hoje sei que o que eu imaginava não é nem uma fagulha do real. Ess coisa de beleza, de admiração, compreender o outro, mesmo que seja o contrário do que pensamos ou queremos, de querer mesmo assim, e ser isso o que encanta. É sorrir quando imagina que está pensando em nós. É essa coisa que me faz chorar só num dia ter tido a possibilidade de não ter mais comigo.

Essa coisa sem posse que não é o ter para mim, ser meu, não... o que descobri nesse "sweet amor" é a doçura de simplesmente ser ele o que é e eu ser o que sou e viajamos juntos de mãos dadas, nas costas e bem dentro. Aqui, nessa casa que ele fez seu abrigo e que pulsa em disparada esperando a noite chegar.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Um corpo urrando dentro de mim

Foto de Diane Portella

Às vésperas da estréia d'O Corpo Perturbador estou mergulhado e me afogando neste processo. Por isso, o post de hoje aqui dos meus Monólogos está lá. Quero compartilhar com meus e-amigos daqui o que tem se passado por aquelas bandas.

Um corpo de bicho. Sendo bicho, transformando em não sei o que.


terça-feira, 30 de novembro de 2010

Alguns porques ou respostas a mim mesmo

Porque as vezes é bom acordar de manhã e não ter nada para fazer

Porque é uma delicia beijo na boca, Bis e cafezinho de mainha

Porque eu adoro encontrar os amigos e hoje será um dia de muitos encontros (Lançamento do livro de Judite)

Porque o que eu mais gosto de fazer é criar

Porque sem a arte eu não sei o que seria

Porque eu choro, estresso e piro sempre quando se aproxima estréias e talvez seja assim para sempre e seja esse o lance (O Corpo perturbador estréia semana que vem)

Porque vir aqui no Monólogos é como beber água quando se está morrendo de sede

Porque o melhor lugar do mundo é este meu cantinho bagunçado

Porque hoje eu estou mais feliz do que ontem

domingo, 28 de novembro de 2010

Porque a chave ficou aqui

Depois que ele deixou a chave naquela mesa e meu coração estralou, estraçalhou, morreu, nunca mais tive alegrias com antes. Aquela chave ficou grudada no vidro em meio a sala. O pó, a sujeira, as roupas na cama, os pratos na pia, as panelas no fogão, os cabelos crescidos na cara e as lágrimas não secavam na boca.

O silêncio de televisões ligadas, de campanhias e telefones e ninguém do outro lado e ninguém aqui dentro.

Aos poucos fui ouvindo passos no corredor, subindo escadas, embrulhos e barulhos de presente. Corri para arrumar a cara, colocar música no quarto, desenhar flores no lençol, guardar as lágrimas, limpar os pratos, as mãos, jogar a chave embaixo da porta e esperar no sofá sem pó.

Uma lágrima caía de alegria em câmera lenta e a chave rodando na maçaneta. Meu peito não sabia o que sentia e meus olhos não acreditavam que ele voltava cheio de alegria, novo corte, nova cara, bagagem cheia do amor desperdiçado e a chave na mão, como quem saiu para comprar cigarros e voltou.

Minha boca aberta esperando o beijo não dado, a língua destrancando meus medos.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Lançamento do livro de Judite em Salvador

Capa do livro feita por Flávia Motta

Judite quer chorar, mas não consegue! NA COMIDINHA DE PANELA

Lançamento do Livro infantil de Edu O. na “Comidinha de Panela” na Casa da Mãe, TERÇA, dia 30/11.

Judite é uma lagarta que amedrontada diante das transformações naturais da vida, hesita (e evita) em seguir o percurso da sua condição existencial e não quer se tornar uma borboleta.

Ilustração de Clênio Magalhães


A personagem Judite criada pelo coreógrafo/dançarino Edu O. para espetáculo de dança, já circulou por inúmeras cidades do Brasil e exterior; transformou-se em objeto de estudo de tese de dourado na PUC (São Paulo); foi tema de pesquisa apresentada no II Congresso Del MERCOSUR y I Latinoamericano de Arteterapia – Buenos Aires/Argentina; inspirou poemas, desenhos e músicas, finalmente transformou-se em livro infantil, lançado no início deste mês, em Santo Amaro, Lençóis e Itaberaba.

Agora será realizado o lançamento em Salvador, com Noite de Autógrafos, dia 30/11, às 20h, na Casa da Mãe, integrando o Projeto “Comidinha de Panela”, sendo o livro no valor de R$ 10,00. O evento tem Entrada Franca e Microfone Livre.

Ilustração de Nei Lima


O livro tem o texto de Edu O., ilustrações feitas pelo público do espetáculo que varia de criança a profissionais de diversas áreas, sendo a Capa de Flávia Motta, e na contracapa Mabel Velloso escreve um texto de boa sorte ao mais novo escritor baiano Edu, enriquecendo ainda mais este projeto que é sucesso por onde passa.

JUDITE É UMA LAGARTA, LOGO COME FOLHAS, NOSSO PRATO SERÁ INSPIRADO EM JUDITE. QUAL O PRATO DA “COMIDINHA DE PANELA” DESTA TERÇA?????

Ilustração de Zeza Barral


Pode ser algo com ESPINAFRE, assim ela fica bem forte como o POPEYE, para enfrentar os medos, ou ainda como uma Lagartinha bem baiana e cheia de axé, um EFÓ. Mas só o Santo Oráculo de Stella Maris, vai saber!!!

R. Guedes Cabral, 81. Rio Vermelho. Em frente à Colônia de Pescadores. Tel 3017 - 9041

Ilustração de Wilfrid Jaubert



terça-feira, 23 de novembro de 2010

Par de sapatilhas

de Bípede Falante

Tu ignoras os meus contornos e os meus movimentos e não me eleges tua primeira bailarina e, mesmo assim, me descortinas com esse teu sopro de palco e tu ignoras a razão do meu suor e o confunde com cansaço e me pensas exaurida porque tremo e porque tarda a hora e eu, tonta e descompassada, não termino a coreografia porque o que me prende e transpira não é a dança nem a água, e, sim, a tua presença sobre esse par de rodas que giras feito um planeta em direção a um outro par de sapatilhas.

Microconto escrito para O Corpo Perturbador

Amei este conto porque vi muito de mim ali. Bípede disse que pensou na minha dança. Pensou e fez lindamnete.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Pedaços de outra pessoa


É estranha a calmaria do meu coração
Estou acostumado com bombas
E gritos e multidão na minha cama
Um travesseiro só não faz verão

Eu que sempre senti barroco
Tive lembranças expressionistas do teu rosto
Sentimentos deformam imagens!
O mar hoje, por exemplo, virou deserto,
E o aqui de junto, nunca mais ficou perto.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Viver não dói (para minha amiga/amada Cléa)

(Carlos Drummond de Andrade)

Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas
e não se cumpriram.
Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer,
apenas agradecer por termos conhecido
uma pessoa tão bacana,
que gerou em nós um sentimento intenso
e que nos fez companhia por um tempo razoável,
um tempo feliz.
Sofremos por quê?
Porque automaticamente esquecemos
o que foi desfrutado e passamos a sofrer
pelas nossas projeções irrealizadas,
por todas as cidades que gostaríamos
de ter conhecido ao lado do nosso amor
e não conhecemos, por todos os filhos que
gostaríamos de ter tido junto e não tivemos,
por todos os shows e livros e silêncios
que gostaríamos de ter compartilhado,
e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados,
pela eternidade.
Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante
e paga pouco, mas por todas as horas livres
que deixamos de ter para ir ao cinema,
para conversar com um amigo,
para nadar, para namorar.
Sofremos não porque nossa mãe
é impaciente conosco,
mas por todos os momentos em que
poderíamos estar confidenciando a ela
nossas mais profundas angústias
se ela estivesse interessada
em nos compreender.
Sofremos não porque nosso time perdeu,
mas pela euforia sufocada.
Sofremos não porque envelhecemos,
mas porque o futuro está sendo
confiscado de nós, impedindo assim
que mil aventuras nos aconteçam,
todas aquelas com as quais sonhamos e
nunca chegamos a experimentar.
Como aliviar a dor do que não foi vivido?
A resposta é simples como um verso:
Se iludindo menos e vivendo mais!!!
A cada dia que vivo,
mais me convenço de que o
desperdício da vida
está no amor que não damos,
nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca,
e que, esquivando-se do sofrimento,
perdemos também a felicidade.
A dor é inevitável
O sofrimento é opcional.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

O esperado

Praparou a mesa como profissional gourmet. Escolheu o melhor vinho, talheres, pediu delivery no melhor restaurante e sentou no sofá com cigarro no bico, esperando o esperado.

A trilha sonora selecionada para combinar com a campanhia da porta, desentoou ao som do estridente celular.

- Irei me atrasar, a cidade está vazia, dormi mais do que planejei, mas estou indo logo mais. Te ligo quando estiver chegando.

Correu ao quarto para barrunfar mais um pouco do perfume francês, aquele de ocasiões especiais como esta.

Abriu o vinho e cochilou de esperar. O telefone não tocou, não recebeu mensagem, nenhuma satisfação.

Tirou do forno o jantar, sentou-se a mesa como um lord, arrumou o guardanapo para a visita ausente, serviu-lhe bebida e o alimento, começou a comer olhando para a cadeira vazia. De vez em quandopegava o celular esperando a tal ligação que não vinha. Resolveu mudar a tática pessoal, não se entristeceria com aquele bolo. Disparou inúmeras mensagens ao esperado.

"Por favor, não insista em ligar, estou num jantar importante, nos falamos amanhã"

Esperou alguma reação. Nada.

"Eu não já disse para você parar de me ligar? Está sendo inconveniente"

Nada

"Acho que precisarei ser grosseiro, não me perturbe mais, está incomodando com este barulho no celular tocando. Estou ocupado"

Nada Nada Nada

Bebeu, fumou mais ainda, comeu até passar mal, sorriu sozinho de sua desgraça, bateu uma punheta pensando naquele antebraço e mandou a última mensagem da noite

"Você assim quis, vou desligar o celular para não ser mais importunado"

Dormiu tranquilo com o celular ligado na cabeceira da cama, sabendo que no dia seguinte quando visse essas mensagens enviadas poderia ter a sensação de esnobar o esperado.

sábado, 13 de novembro de 2010

O Baêa sobe e daê?

Não sou estraga prazere nem torço contra. Por mim o Baêa sobe ou desce e dá no mesmo. Fico apenas pensando se os torcedores se mobilizassem assim por outras causas. Se houvesse gritaria a cada agressão contra uma mulher, contra uma criança. Se quebrassem (até) o chão a cada calçada sem rampa. Se houvesse buzinaço a cada serviço mal prestado na cidade.

O largo de Dinha do acarajé deve estar cheio de gente se acabando e nem percebendo como somos mal tratados ali. Como os bares nos tratam sem respeito nenhum, servindo produtos ruins e cobrando caro. Neste mesmo lugar deve ter gente por todo lado que nem percebe estas coisas e agem como se fosse normal pagar caro por nada.

O chão deve estar uma imundice. O barulho vai comer no centro daqui a pouco e nós teremos que ouvir o hino do time nas alturas até a madrugada nos cansar e cairmos no sono como se estivéssemos ali.

Vixe, vixe, vixe!!! Hoje o clima não está para feijoada mesmo. Queria ir para Pasárgada!

Eu não sou algo diferente

"Eu não sou algo diferente, nem desigual, não sou vítima, nem quero ser. Eu posso ser réu também"
Brunna Valin

Brunna é militante do movimento de travestis e transexuais na cidade de São José do Rio Preto e do estado de São Paulo, coordena o Forum Paulista de Travestis e Transexuais e representante da Associação Rio Pretense de Travestis e Transexuais (ARTTS).


Quando ela fala sobre o ser réu, lembro de uma mulher que me falou como se fosse me elogiar, que preferia um filho deficiente a um filho marginal. Aquilo me chocou pela infeliz comparação, pela falta de cuidado com as palavras e pela agrassão do que me dizia, achando que estava sendo gentil. Respondi que eu poderia ser marginal se eu quisesse, que eu poderia lhe matar, lhe roubar. Que minha índole e meus valores não são resultado de minha situação física. Ficou um clima de constrangimento no ar e eu precisei sair para tomar uma Coca-cola. Agredir ainda mais meu corpo que já tinha sido tão agredido.

No blog O Corpo Perturbador tem uma entrevista fantástica de Brunna e convido a todos a conhecerem meu outro blog e se perturbarem com palavras tão urgentes e necessárias para se refletir num mundo de respeito e aceitação das diferenças.

Aqui o link direto para a entrevista: http://ocorpoperturbador.blogspot.com/2010/11/eu-posso-ser-reu-tambem-bruna-valin.html

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Todas as Judites do mundo

Se eu pudesse pular, estaria pulando de alegria. Como posso gritar, estou berrando!!!!

Enfim, o livro infantil de Judite vai sair e ainda com direito a lançamento em Santo Amaro, minha terra, meu chão, que me fez quem eu sou.

Esta temporada premiada pelo Edital Ninho Reis - apoio a circulação de espetáculos de dança no Estado da Bahia, da FUNCEB, veio brindar 2010 com a realização desse projeto que espero há mais de dois anos.

Estamos muito felizes. Falo no plural porque não sou só, tenho minha família que irradia alegria com minhas conquistas, tenho meus amigos, minha equipe, em especial Catarina Gramacho que cuida de Judite como uma jóia.

Quero agradecer a todos os amigos que participaram do livro, porque o texto foi escrito por mim, mas as ilustrações são de Flávia Motta, Clênio Magalhães, Ed Moraes, Luca Falcão, Andréa Santiago, Zeza Barral, Danillo Novais, Fafá Daltro, Nei Lima, Hugo Leonardo e Wilfrid Jaubert.

No livro tem um texto lindo de tia Mabel Veloso. A criação gráfica de Gilsérgio Botelho. Revisão de Nadja Ramos. Arte final de Zunk Ramos. Fotografia de Clarice Miranda.

Assim como no espetáculo a turma de Judite é grande, no livro não poderia ser diferente.

A idéia de vários ilustradores é para não se criar uma única imagem da lagartinha, para permitir que cada um crie a sua própria Judite. Afinal, "Judite é a própria vida. Todo mundo tem uma Judite dentro de si"

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Overdose (da minissérie Salgados Amigos)

Todos foram dormir já na hora de acordar. Limpa os olhos, bate na cara, joga água fria para abrir as pestanas cansadas de chorar e rir e não dormir nunca. Todas as músicas grudadas aos ouvidos e a pontinha de tristeza querendo melar o passeio. Sairíam daqui a pouco para a terrinha mágica com a intenção de uma overdose de moqueca de camarão.

Os óculos escuros escodiam as olheiras. Antes passaram no trabalho do dançarino que não se aguentava sentado, quanto mais em pé que nunca fica. Passagem rápida para prova de figurino, pés no acelador. Estrada linda, sol maravilhoso sorrindo, gritando para todos que nenhuma tempestade acaba com a luz que se tem.

Primeira parada na Casa do Samba, segunda parada Exposição em homenagem aos 103 anos de Dona Canô, terceira parada a tal moqueca, quarta parada Clínica de seu Tota. Ficamos ali tomando remedinho até tarde da noite, quando a psicóloga lembrou de seu compromisso. Voamos pela estrada de volta e a chefona das borboletas mais uma vez pagou caro para sofrer. Rabo de olho, carão, dura e mal estar...

- Não vou mais para lugar nenhum!

A psicóloga foi sozinha ao evento, cheia de sapato alto amarelo ouro, perfume francês, cabelos ao vento, maquiagem e pose de primeira dama. Não demorou muito, estava de volta com 20 latas de cerveja na mão que limpava as lágrimas no rosto borrado.

Desilusão! Os três coleguinhas que estavam em casa fazendo a mesma coisa: bebendo e chorando, a recebeu aos gritos e gargalhadas. A terapia funcionava assim: rir da miséria do outro que chorava e depois trocava de posição quando outro começava a chorar.

A madrugada passou leve assim, com o peso do desgosto e da delícia das companhias amigas. Não dormiram novamente, agora ansiosos pelo show que aconteceria a tarde. Aliás, pelo show que dariam naquela tarde de domingo que começava a prometer.

Trilha deste capítulo

Mulher sem razão
(Cazuza/Dé/Bebel Gilberto) interpretada por Ney Matogrosso

Saia desta vida de migalhas
Desses homens que te tratam
Como um vento que passou

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Judite será livro infantil

Ainda em Santo Amaro resolvendo detalhes da produção do espetáculo e lançamento do livro de Judite quer chorar, mas não consegue!

Dia 06/11, as 20h, no Teatro Dona Canô

Quando voltar conto todos os detalhes da apresentação d'Os 3 Audiveis e também da homenagem que recebi de tia Maria Mutti e do NICSA . Fiquei muito emocionado.

Preparando o peito para mais uma emoção que será o lançamento do livro infantil que venho amadurecendo há algum tempo e agora se concretizará.

Queria todos aqui!

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Dançando em Sto Amaro amanhã

Uns dias para se lembrar (da minissérie Salgados Amigos)

Aquele era um dia para se esquecer. Todos os astros combinaram a fim de intenficar o meu inferno astral. Me sentia um alvo cheio de setas do abandono, do desprezo, da insensibilidade, do egoísmo, indiferença, acertando em cheio o centro de mim. Doía de doer, não era invenção. Chegou uma doutora que me empurrou goela a baixo um sub-lingual e me mandou trabalhar.

A chefona das borboletas até agora não havia chegado da noitada anterior. Ela que veio para me fazer companhia me deixou como Cleópatra em meio as almofadas, sem ninguém para abanar. A narradora e o pequeno gigante dormiram comigo com seus olhares de amor. Se há uma certeza nessa vida é que nunca eu fico só. Voltei do trabalho já mais animado, acho que o sub-lingual fez efeito, na verdade foram as companhias.

Saí para ver o sol com a chefona que já estava animadissima em contraste com meu desânimo. Do sol fomos cair no samba. Aí não tinha mais como fugir. Sentado no balcão do bar bebíamos os restos de roskas que o barman depositava em nosso copo.

Passou então o gatinho com aquele sorriso e o carinho mais carinhoso que eu podia receber naquele momento. Era para dar apenas um "oi pessoal", mas não arredou mais o pé de nossa companhia. Saimos felizes, querendo mais. Fomos para o anexo da casa e a chefona começou ali a sua derrota. O rapaz do lenço descartável, que nos acompanhava , nos deixou e foi descansar a matéria. A chefona humilhada por taxistas e garçons, acabou rolando na delicatessen:

- Oh fia, isso não é cachaça não, é tristeza!!! Dizia gargalhando no chão para a balconista, enquanto pegava a exagerada quantidade de bebida que consumiríamos dali a poucos minutos.

Enchemos a cara em casa, tomando ACTIVIA E RED LABEL pros problemas, ouvindo Cazuza, Maria Rita, Los Hermanos, Bethânia, Adriana Calcanhoto, Alcione, cortando os pulsos, abraçados eu, ela e o gatinho, certos de que somos pessoas da porra. As vezes metemos a cabeça e rodamos cinco vezes, mas quando tiramos, o que é cinza vira colorido, como essa tatuagem que dormi agora acarinhando e transformou os meus dias.

Esse foi mais um dia para se lembrar eternamente.

Trilha sonora deste capítulo
Você Perdeu
(composição de Márcio Valverde e Nélio Rosa, interpretada por Maria Bethânia)

Foi você quem se perdeu de mim

Foi você quem se perdeu
Foi você quem perdeu
Você perdeu

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

1º Confissão para Odete

A metodologia de ensaios de Odete foi deliciosa. Acertamos, eu e Lucas, de escrevermos em todos os dias de encontro uma confissão. Daí surgiriam os movimentos, a construção e dramaturgia do espetáculo. Publico aqui a primeira delas. Onde tudo começou e hoje iremos para mais um encontro com confissões doloridas de mortos que ainda fedem em meu peito. Estou tenso, amedrontado com a incerteza de como Odete me tratará. Sei que vai doermais do que as outras vezes, mas no final ela sempre me faz sorrir. Que assim seja!

Hoje na Praça Pedro Arcanjo/Pelourinho, 18h, Grátis. Projeto Curta Dança as 06 no Pelô.

Clique na figura para ampliar.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

UM BRINDE: À VIDA AO À MORTE?!

           “É preciso saber viver...” dizia o poeta da Música Popular Brasileira. E nessa busca incessante pelo saber, nesse ano de 2010, saímos pelo mundo afora buscando a vida, ou melhor, dançando a vida.
            E nos caminhos trilhados, encontramos novas pessoas, novos sons, novos sons, novos olhares. No meio do caminho aceitamos um convite diferente: “Boa tarde, sejam bem vindos a nossa querida sala!”
            Estávamos nós frente a frente: Eu, Edu O., Lucas Valentin e ODETE!
            Ao entrar na “querida sala” nossos olhares eram de estranheza. A forma como era colocada a platéia e os elementos cênicos que nos convidavam: todos sentados ao redor de uma toalha estendida no chão, fazendo alusão a algum tipo de “piquenique”, talvez, ou a um ritual. E nós, com toda bagagem de nossa memória, buscando a vida, pensávamos como em outra vida que não era mais aquela: “lá vem a viagem!”; “esse povo de dança contemporânea, sei não!”.
             E entre idas e vindas dos bailarinos, a nos acomodar em nossas cadeiras, num dado momento eles param e se perguntam: “já é hora?”
            Era a hora, a hora do encontro, a hora da descoberta. Nosso encontro com ODETE fez-nos refletir que na vida, ao contrário do que dizia o poeta, é preciso saber morrer!
            De forma poética, lírica, Edu e Lucas nos encaminham pelas trilhas de nossas memórias mais remotas: contar estrelas; brincar de fazer cócegas n irmão ou na irmã, até quase matar o outro de rir; lembrar da briga que doeu na alma; da morte devagar e dolorosa de um ente querido...
            E de repente estávamos nós, entre lágrimas, nós e nossos novos olhares e nossos novos pensamentos. Viajamos ao universo de Odete, para encontrarmos uma nova forma de vida e de morte.
Morte ao que não nos deixava ver a beleza do não ter...
Vida que entregava-se a ser o outro, como se fôramos nós mesmos...
Nessa dança de vida e morte, um brinde ao eterno! Que morto ou vivo, daqui, dali ou de acolá, estará em nós guardado, como no brinde do fim do espetáculo, como minhas lágrimas, como o sorriso do Edu...
Guardados em mim, transformando o que era vida em morte, o que era morte em vida, para sempre eternos... Como serão sempre: os encontros, os medos, as alegrias, os amores; eternos em nós, cravados, marcados...
Um brinde sim, ao eterno!

Um breve comentário sobre o Espetáculo ODETE, TRAGA MEUS MORTOS.
Ana Cecília Vieira Soares.
Coreógrafa e advogada especialista em Direitos Humanos.


Foto de Alessandra Nohvais

TODOS ESTÃO INTIMADOS A ASSISTIR ODETE NESTA SEGUNDA-FEIRA, 25/10, 18H, PRAÇA PEDRO ARCANJO/PELOURINHO, ENTRADA FRANCA.

*OBRIGADO A ANA CECÍLIA POR ESTE TEXTO TÃO EMOCIONANTE E VERDADEIRO, POR SEU OLHAR, PELO SORRISO, POR TUDO QUE VEM FAZENDO POR MIM, MESMO A DISTÂNCIA.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

O amor desceu pro play (1º capítulo da minissérie Salgados Amigos)

O meu amor há alguns dias andava inquieto, distante, frio. Dando beijos ocos, sem sal e sem açúcar. Temperando meus pensamentos de Capitu. Me disse, gaguejando, que queria descer pro play. Sofri, vomitei, chorei todas as dores da perda, do abandono, da insegurança do que viria. Sentei no sofá sem ar, sem graça, sem o meu amor e esperei as unhas crescerem, a barba por fazer, as lágrimas que nunca secariam, esperando esgotar a ampulheta dos dias.

De repente ouço gargalhadas e músicas entrando como borboletas pela janela. Um grupo de amigos, o bloco de três sozinhos vindo fazer companhia ao meu bloco do eu sozinho. E me tirou da inércia, da angústia, me tiraram o gosto acre da boca, começaram a enfeitar a casa com flores de papel de presente, perfumar cada canto, me embriagar com o que há de melhor, com todo amor que houvesse nessa vida.

Que bloco estranho, que gente esquisita! Uma que vivia a rolar pelo chão gargalhando, inundando de alegria o espaço com um amor tão generoso que o sorriso transformava-se em lágrima e daí a gargalhada surgia, compartilhando as dores de todo mundo com seu coração de amiga forte, eterna. Era a chefona que falava de um jeito diferente, puxado, arrastando as palavras no final como gente bêbada. Veio de longe, voando quando soube da minha situação. Saiu arrastando a outra, a danada, menina sapeca e leve, de riso fácil e descarado. Não precisava falar nada, se fazia generosa mesmo nos silêncios dos sorrisos gargalhados. O outro era um gatinho pequeno, quase filhote, olhinho puxado, assustado com tanta loucura que começava a se desenhar  naquele dia. Chegou por causa de um OI e não saiu mais. O coloquei em meus braços e me senti acarinhado a cada sorriso, a cada delicadeza sua. Havia ainda o vendedor de lenços descartáveis, que pagou caro pra ver tudo isso acontecer e carregou cruz pesada a cada saída da toca desses Caros amigos, aliás, Salgados amigos.

Como se não bastasse tanto afeto, ainda há em off a voz de um amor incondicional, preocupado, como uma narradora que conta sobre os cuidados de irmãos.

Parece até que esqueci o meu amor lá embaixo no play, né? Não esqueci não, mas tenho me esforçado para não lembrar. É uma pena, porque talvez quando ele resolver subir a mesa esteja posta para outro, as cores da casa já não serão as mesmas que combinam com seu gosto, o cheiro dos lençóis provoquem-lhe alergia e minhas graças sejam piadas internas sem nenhuma graça para o seu humor.

Pois é, esse amor que desceu pro play não deu, mas esta história quem escreve sou eu  e desconheço novelas que não tenham final feliz.

Trilha sonora deste capítulo:
Pois é - Los Hermanos
"Pois é, não deu...
...E ao amanhã a gente não diz
E ao coração que teima em bater
avisa que é de se entregar o viver"

* Hoje inicio minha segunda experiência em ficção inspirada em fatos reais. A minissérie Salgados Amigos é uma homenagem a estas pessoas que fizeram estes dias inesquecíveis, plenos de emoções diversas, de vida cheia de amor, mesmo sendo dias do não-amor de quem eu pensava ser para sempre meu. Semana que vem publico o segundo capítulo com descrição de fatos maravilhosos acontecidos em seis dias de extrema loucura e euforia, porque não dizer tristeza também?

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Colóquio na Escola de Dança da UFBA sobre EUphorico a page aberta

O Grupo X de Improvisação em Dança, coordenado pela Profa. Dra. Fátima Daltro, Escola de Dança da UFBA, e pelo coreógrafo/dançarino Edu O, retorna do bem sucedido intercâmbio internacional Brasil/França, através do projeto EUPHORICO: A PAGE ABERTA.


Este ano, o Euphorico: a Page aberta, do Grupo X de Improvisação em Dança contou com o apoio da Escola de Dança da UFBA através do Programa de Pós-Graduação em Dança-PPGDANCA e do Ministério da Cultura através do Edital do Programa de Intercâmbio e Difusão Cultural 2010. O projeto é resultado de um intercâmbio cultural entre o Grupo X Improvisação em Dança de Salvador-Bahia/Brasil, e a Cia Artmacadan, da cidade La Seyne sur mer/França (2004/2010), que vem discutindo e levantando reflexões sobre processos de criação e configuração dança improvisação, ênfase em acessibilidade. O intercâmbio do ano de 2010, teve como norte textos criados pelos dançarinos de ambas as companhias em torno de assuntos de interesses de cada um. A vasta programação do intercâmbio internacional contou com a participação do Grupo X em atividade de oficina, curso de curta duração, comunicação em àudiodescrição de imagens de dança, espetáculos em teatros e espaços urbanos e Congresso de Psicomotricidade.

O Colóquio com estudantes de Graduação em Dança e com o ACC- Acessibilidade em Transito Poético, é uma ação de contrapartida do projeto e tem a finalidade de compartilhar idéias e trocar informações vivenciadas no intercâmbio, bem como possibilitar o diálogo e a inserção de estudantes com outras culturas. Será oferecido oficinas de criação em dança em improvisação em cena e relato de experiência.


Dias: 15 de outubro de 2010. Local: Escola de Dança - Sala 04 - 13:30h as 16h. Grupo: ACC - ACESSIBILIDADE EM TRÂNSITO PÓETICO.

Dia: 18 de outubro de 2010 Local: Escola de Dança - Sala 6 Grupo: Modulo Estudo do Corpo II

sábado, 9 de outubro de 2010

Samba Chula de Santo Amaro

Sô funcionário da Leste
Sô maquinista do trem
Vou me bora pro sertão
Eu aqui não me dou bem

Oh viola meu bem
Oh viola!!!

Nunca consigo ficar longe das coisas de Santo Amaro. São Braz é um distrito de minha terra, um lugar que eu gosto muito por tudo que produz: as muquecas, a gente, o Nego Fugido e também o Samba Chula.

Soube hoje que até amanhã (10/10)  podemos votar no grupo Samba Chula de São Braz, que está participando de uma seleção nacional feita pelo site http://www.voaviola.com.br/ , em que participam grupos e violeiros de todo o Brasil, e tem como objetivo escolher os artistas mais votados para fazer shows em capitais brasileiras.

O Samba Chula de São Braz é um grupo musical representante da cultura popular da Bahia, que cultiva o Samba de Roda Baiano, e suas modalidades como o samba corrido, o samba chula, o samba de viola, e as rezas regionais. Seus integrantes são filhos e moradores da pequena localidade de São Braz, distrito de Santo Amaro da Purificação, e fazem uma ponte entre a cultura popular local e o trabalho musical profissional. O Samba Chula é uma das músicas mais representativas da região do Recôncavo da Bahia, e foi coroado pelo IPHAN e pela UNESCO em 2004-2005 como Patrimônio Imaterial do Brasil e da Humanidade. Em sua trajetória profissional, o grupo Samba Chula de São Braz conta com participações em shows e programas de TV ao lado de artistas como Roberto Mendes, Raimundo Sodré, Maria Bethania, Gilberto Gil, Regina Casé, Antonio Nóbrega, tendo feito também apresentações musicais em São Paulo (SESCs e ITAU Cultural), Goiás e várias cidades da Bahia (Salvador, Recôncavo, Ilhéus, Jequié). O mais recente reconhecimento do trabalho deste grupo foi terem sido contemplados pela FUNARTE com o Premio Pixinguinha 2008, que resultou na gravação do seu primeiro CD “Quando dou minha risada, há, há...”, lançado em 2009 pela Plataforma de Lançamento.


quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Azuis que não são meus


Há dias ando preocupado com o blog. Não tenho conseguido variar o tema, torná-lo interessante, agradável aos seus visitantes, sempre num tom depressivo, falando de falta, solidão, perda... Muitas vezes utilizo essa ferramenta para extravazar, declarar meus sentimentos, para me fazer companhia, enfim ser um diário de coisas pessoais, mas se não tiver preocupação com quem vai ler, para que publicar?

Faço do Monólogos quase uma extensão de minha casa. Devemos ter cuidado com quem recebemos, tratar bem e oferecer as melhores coisas, claro sem perder a espontaneidade e a forma de viver cotidiana.

Eu juro que tenho buscado palavras menos tristes, motivos de escrita que saltem aos olhosalém das lágrimas, mas está difícil, o lance está puxado. Então, escolhi esta foto de um momento singular, espetacular que vivi esses dias, assim encontrei algo de lindo para mostrar.

Subimos uma montanha para chegar a Capela de Notre Dame du Mai, onde encontramos uma vista magnífica do Mediterrâneo, um marzão salpicado com as frestas de sol pelas nuvens, numa altura que nos fazia pássaros. Lá tentei silenciar, mas meu interior me gritava, borbulhando dentro e não tive quietude para aproveitar aquele lugar do jeito que ele impõe. Agradeci a vida por esta oportunidade, senti a falta dos meus e como uma oração eu olhei o azul que se fundia entre o céu e o mar. Percebi que a vida é isso, a fusão de tudo e mesmo no meio de um mar de coisas ruins, há outro mar de coisas boas e só depende de nós escolher em qual mar se banhar. Neste momento eu me banhei num azul do mar de uns olhos que não eram meus.

Fotos de Agnés Jaubert

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Rumores

Nossa vida
É um acúmulo
De partidas
Velhos amigos
Velhas cidades
Amores
Antigos rumores
de vida

domingo, 3 de outubro de 2010

Texto para Edu

Foto de Clênio Magalhães


Le numéro 27 porte le nom d’un « lundi au soleil » .


Evidemment chacun des candidats a quelque chose à présenter, appelé par leur numéro et nom de chanson au micro, nous venons de voir le 25 « comme d’habitude » montant sur un arbre, nu avec des santiag au pied, une fois au sommet de l’arbre, pendu par une main la verge en érection il envoie des baisers au public en bas. Voilà maintenant le 26 « We are the world » dans un costume de lumière il réalise en direct son autoportrait sur une toile de 3 mètres sur 4 . Monique, Marlène et Rodrigo, le numéro 27 dans les mains, pour eux c’était tout sauf un lundi au soleil, chacun l’angoisse, au fond de la gorge la boule, en quoi ce qu’ils allaient montrer pouvait avoir le moindre intérêt ? Bien sûr eux ils ont créé le MMR.

C’est Rodrigo ce grand blond de 1m85, queue de cheval, yeux clair, le corps élancé qui avait décidé d’appeler le collectif : MMR (Monique, Marlène, Rodrigo).

Rodriguo ne s’est pas cassé la tête pour MMR !

(Wilfrid Jaubert)

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Um dia para ela

Sempre penso como a vida foi generosa comigo. Ainda hoje estava conversando com o irmão do pai do avô de minha tia, ou seja meu amigo Clênio, sobre minha vida em Santo Amaro e a importância deste lugar para mim, falando sobre minha deficiência, minha relação com meu corpo e inevitavelmente/obrigatoriamente tenho que falar sobre a cidade e principalmente sobre minha família. Tudo que sou, sou ela. Sobretudo minha mãe e minha irmã. Foi uma conversa linda e senti estar distante. Hoje é o dia dela. Aniversário de minha irmã e eu longe sem poder abraça-la e tentar dizer (sem conseguir) o quanto a amo e o quanto devo a ela tanta coisa.

Falei com mainha, tentei falar com o pequeno, desejei estar bem perto, em casa, dentro de mim. Sei que agora tem gente por lá, falando alto, rindo, comemorando a vida de Paloma que faz a nossa tão melhor.

Que bom que no calendário existe este dia 30 de Setembro. Que bom que na minha vida existe ela!

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Os peixes na janela


Algumas portas se abrem, algumas portas se batem. Alguém bate em alguma porta fechada e eu estou ali dentro. Aqui, bem no fundo daquela porta de sombras e luzinha pequena que entra pela condescendência da jenela. Todos buscam aquela luzinha. Todos marcham pela rua entre as prostitutas e mendigas, entre os carros, os dominós e sentam-se na porta de um bar azul, vestindo e calçando verde. Bebem Coca com limão e cantam até encher o saco do primeiro que passa. Quebram-se os aquários, fogem os peixes que passeiam pelas ruas como se fosse feriado no domingo.

Foto de Fabienne Frossard

* Fotos de pesquisa do Euphorico 2010 (29/09/2010)

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Go Home...m

Tudo me leva pra casa
Não sou desistido
Sou é agora mesmo
um homem solitário
trago um amor tão forte
no peito que o jeito
é recolher os cavalos
que de tanto sentimento
tem a vista turva
e quem turva não vê a curva
sem visão
não há estrada
vou pra solidão da casa
encontrar lá
minha orfandade
meu amor partido
Grande e diminuído
faço em casa o contra-ponto dalua
que cresce na madrugada
Nesse sentido
é que sou levado
solidão é estado
de excesso de ser por dentro
de modo que sobra nada para o de fora
Na hora, resta bater em retirada
ao lar, à invernada
dar entrada ao que já entrou
Resta permanecer no donde não se saiu.
Voltar
só é pra quem partiu.

(Elisa Lucinda)

As vezes preciso recorrer ao que outra pessoa já disse por me traduzir perfeitamente. O que eu não seria capaz de fazer com minhas próprias palavras.

Elisa Lucinda, Adriana Calcanhoto, Marcelo Camelo e Rodrigo Amarante, Cazuza, Drummond, Mabel Veloso... acho que eles se escondem atrás da cortina, a noite, e espiam meus sonhos e medos e alegrias e desejos e depois escrevem sobre eles.

domingo, 26 de setembro de 2010

Euphorico

Estou desde o dia 22/09 em La Seyne sur mer/França para participar da sexta etapa do intercâmbio Euphorico, projeto entre o Grupo X de Improvisaçao em Dança e a Cia Artmacadam.

Este ano o projeto é o Euphorico: à page aberta, onde criaremos uma peça coreografica em oito dias, tendo como suporte um texto produzido coletivamente (português/francês) que sera postado aqui ainda esta semana.

O trabalho com o Euphorico tem me proporcionado, ao longo desses anos, um amadurecimento profissional e apresentado possibilidades de criaçoes infinitas, porque parte das experiências individuais e de cada um desses coletivos, o que se multiplica no encontro de cada um de nòs.

O grupo é formado por uma diversidade cultural muito grande com brasileiros, franceses, polonesa, italiana e também diversas formaçoes o que torna cada dia de ensaio, pesquisa, uma mina de idéias maravilhosas, cada um contribuindo a seu modo com a construçao do que ira ser apresentado. Realizaremos oficinas, cursos, faremos performances de rua e participaremos de um Congresso de Psicomotricidade no dia 07/10.

Estou muito contente com esta nova experiência do Euphorico e grato pelo apoio do Ministério da Cultura que nos proporcionou (eu e Fafa) a viagem atraves do Edital do Programa de Intercâmbio e Difusao Cultural 2010 e também ao apoio da UFBA através do PPGDANCA.

Bom, estou muito feliz também porque estou dançando novamente com meu amigo, maravilhoso, Clênio Magalhaes que veio de Minas Gerais participar dessa euforia conosco pela terceira vez.

Programaçao

01 e 02 de Outubro
apresentaçao da peça coreografica Euphorico: àa page aberta, 20h30min, Théâtre Apollinaire - La Seyne sur mer

06 de Outubro
Performance em espaços publicos em diversas cidades - Département Var

08 de Outubro
Oficina de sensibilizaçao, 10h as 17h, Centre de Formation Studio du Cours. Debate 18h

09 e 10 de Outubro
Poéetica da Diferença
oficina aberta ao publico com e sem deficiência, 10h e 17h, La Seyne sur mer

10 de Outubro
Apresentaçao do resultado da oficina Poética da Diferença

- Desculpem os erros, mas estou no teclado francês que falta alguns acentos do protuguês.

Aproveitarei esta temporada aqui no Sul da França para pensar em exercicios de construçao para O Corpo Perturbador e explorarei Clênio que me ajudara na construçao de uma cena para o espetaculo