sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Nunca mais é até quando?

Estou ainda e acho que vai demorar um pouco para me acostumar com a idéia do “sem excessos”. Muitos amigos me falam, no intuito de ajudar, que as coisas chegam para aprendermos, e foi assim que aconteceu para que eu aprendesse a ser comedido. Agradeço, finjo que concordo, mas acho uma baita de uma sacanagem da vida, de Deus, de sei lá o que, querer me controlar. Nunca me faço/fiz de coitadinho, até mesmo porque não sou, mas essa história de aprender com o sofrimento é de um ranço cristão desgraçado que nunca aceitei em mim.
Vamos do início.
Gostaria de entender quem fala isso para poder até mesmo eu me ajudar. Peguei uma Poliomielite quando tinha 1 ano de idade, fui uma criança que teve todo tipo de doença: sarampo, papeira, gripes constantes, asma, catapora etc etc etc, visitei muito hospital, fiz cirurgia de hérnia aos 5 anos, aos 8 estava longe dos meus operando no Sarah de Brasilia etc etc etc. O que mais eu devo aprender agora com esta diverticulite?
Pelo que me consta é o meu jeito alegre, exagerado, gargalhada farta, fanfarrão, bem humorado, engraçadinho o que junta pessoas ao meu redor, me faz ter muitos amigos. Por que então uma doença chega para me dizer que eu tenho que maneirar? Estou recebendo um castigo por ser assim? Não, não aceito isso como castigo e nem acho que vou aprender a ser comedido dessa forma. Não é isso que vai me controlar porque o exagero sou eu, a gargalhada é o que mais me traduz. Gargalhada aqui entendida como o auge do descontrole, o máximo da espontaneidade, o absurdo de achar graça de tudo, até mesmo das próprias desgraças.
Precisei desde pequeno a aprender a viver assim, a ser alegre, a ser forte, a vencer. Agora me vem uma rasteira dessa? Vá tomar no cu! No meu de preferência.
Quando choro porque não posso comer isso, não posso beber aquilo, não é por causa da comida ou bebida que choro, é pela mudança drástica de estilo de vida, é porque de agora em diante terei que ser moderado em todas as situações. Para qualquer outra pessoa pode parecer exagero meu, afinal não é tão grave assim. Conheço poucas pessoas que escolheram ou são do jeito que escolhi ser/sentir, sempre fui o último a ir para casa, sou daqueles que a saideira não acaba nunca, sou daqueles que chora por causa de um beija-flor e amo demasiadamente e sofro e rio e me acabo para no outro dia me reestabelecer.
Agora ta demorado, ta difícil levantar de manhã e pensar que se um dia Cléa vier de São Paulo eu não poderei chorar mais daquele jeito na sarjeta perto de casa, se eu for a Berlin com Tony nunca mais poderei amanhecer o dia no Roses e emendar com a cerveja na hora que acordar, nunca mais um Reveillon em Diogo dançando no chão com Mirella e B, saindo correndo de cadeirinha pro mar, nunca mais uma Parada com Ed em Buenos Aires, Lavagem aqui em casa com Priscila ou até mesmo simplesmente querer comer 2 acarajés e um abará de Ana como todo mundo mais quieto de Sto Amaro faz. Nunca mais véspera de lavagem amanhecendo em Itapema. Nunca mais carne de fumeiro de Makiba. Nunca mais dias seguidos em geraldo com Cate. Noites Pretas com Zunk.
Aí me pergunto. Nunca mais é até quando? Se é pra ser assim, tenho certeza que adiantarei bastante esse nunca mais, só espero que seja sem dor.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Video Perturbador

Vale a pena ver esta edição feita por Drica Rocha das fotos que Alessandra Nohvais fez d'O Corpo Perturbador. Com trilha de Cássio Nobre. Quem não viu o espetáculo pode ter uma idéia do que perdeu.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Ainda os fantasmas

Ainda há aquele fantasma que resolveu se instalar ali naquele canto de minha casa, me olhando fixamente como anão de jardim, sorriso de falsidade, metendo medo quando falta luz. As sombras provocadas pelas veleas acesas me lembram a brincadeira de criança no sítio quando aproveitávamnos para fazer bichinhos nas paredes. Um no colo do outro, dente de leite, janelinha na boca e as cócegas, muitas cócegas incentivando a gargalhada.

Hoje a casa tem menos alguns moradores e ele que era um dos grandes não aparece nunca mais. Outros fantasmas agora brincam tímidos no hall da casa como a menina do lado fazia misturando as massinhas de modelar, jogando papel de bala pelo muro. Nunca mais barulho de carro na garagem, nunca mais estrondo de porta batendo com violência e nunca mais aquele medo.

São tantos os mortos, são tantas as formas de se morrer... Ainda há fantasmas de gente que nem se foi ainda. Ainda, mas que irá. Irei.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A gente só se "foge"

Preciso ter muito cuidado com o que vou escrever para não ser mal interpretado, para não parecer ressentimento de excluído ou ainda para não parecer arrogante. O que me faz escrever este texto é justamente o contrário. Pensei sobre isso durante toda temporada do meu espetáculo O Corpo Perturbador e escolhi publicar no final das apresentações porque precisava me certificar de que minhas impressões estavam certas. Aqui não vai nenhuma queixa em função de pouco público o que, aliás, não aconteceu. Nosso projeto previa uma platéia de no máximo 30 pessoas por apresentação e tivemos diariamente uma média superior a previsão, tendo dias de chegarmos a mais do que o triplo do planejado. Então não é mágoa de artista abandonado pelo público. Nem tampouco um criador em crise pela falta de compreensão de sua obra. Quem esteve presente ontem no ICBA percebeu através da fala das professoras Lúcia Matos, Fafá Daltro e Iara Cerqueira a abrangência do trabalho. Quem lê os comentários no blog e no facebook pode ter uma vaga idéia de como o espetáculo atingiu seu objetivo. O que quero escrever aqui é sobre o abandono da imprensa baiana. A mídia daqui mais uma vez negligencia os trabalhos produzidos pelos pequenos artistas locais. Nenhum jornalista teve a mínima curiosidade em conhecer a proposta que trazia um tema diferenciado, inédito e relevante na cena contemporânea. Não sou eu quem fala essas palavras, repito apenas o que escutei ao longo das apresentações.
Mandamos release para todos os meios de comunicação e apenas Rita Batista, no seu programa Boa Tarde Bahia da Band, nos cedeu espaço na primeira temporada para uma entrevista. O resto foi apenas inclusão na agenda do final de semana dos jornais impressos com Ctrl+C e Ctrl+V do resumo que mandávamos. O que mais me incomoda é ver a mídia valorizar assuntos que, ao meu ver, não são tão importantes assim e ocupam um tempo enorme dos telejornais e programas. Pode ser que o que nós queremos falar também não seja tão importante quanto eu penso, mas se é por “desimportância” por que não dar um pequenino espaço para produções locais independetes?
Acho importante falar da questão da produção independente porque quando este mesmo artista participa de um evento produzido por algum teatro ou produtor maior, a mídia escancara os dentes e abre suas portas. Foi assim com meus outros dois espetáculos Judite quer chorar, mas não consegue! e Odete, traga meus mortos, quando participei do Festival Vivadança produzido pelo Teatro Vila Velha. Estive em todos os programas locais e em matérias de jornal. Lógico que um festival desse porte deve ter um espaço enorme nas grades dos programas e nas pautas dos jornais. O que questiono também é por que não ceder espaço para aqueles que não tem como pagar assessoria de imprensa? Que não tem conhecidos entre os profissionais de jornalismo? Por que não se interessar pelo que é produzido na cidade?
Hoje o Bahia Meio Dia da TV Bahia gastou minutos preciosos com o povo cantando Dar uma fugidinha na porta do ensaio da Timbalada. Depois mais outros longos minutos com o cantor Michel Teló cantando suas preciosidades. Mais uma vez acho que não é preciso excluir nada das pautas, até mesmo porque interessa ao povo, mas porque não dar oportunidade a este mesmo povo de ter acesso a coisas diferentes? Ele poder optar e ser responsável por seu próprio gosto? Na terra do Axé se produz cultura de qualidade, dança, teatro, performance, artes plásticas, audiovisual. Temos uma diversidade de corpos e cores e sons e gente. Fico muito triste pela invisibilidade dos artistas daqui. Vejo amigos (até mesmo da música) sofrerem de abandono pela imprensa porque aquele trabalho, supostamente, não interessa e não renderá o lucro esperado. Friso a música porque teoricamente é a área queridinha da mídia.
Compreendo que há falta de informação da maioria dos jornalistas, da preguiça em ser desafiado com assuntos que lhe fogem o domínio, a burrice instalada pela cultura do axé, a importância do lucro fácil, vejo como são rasas as matérias que não se aprofundam no assunto, percebemos a supervalorização do escândalo e das aberrações, mas penso que passou da hora de repensarmos essa carnavalização toda, porque o bicho está pegando na Cidade d’Oxum e pelo andar da carruagem o “jeito é dar uma fugidinha”, e desse jeito a gente só se “foge”.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Carta a uma nova amiga (da série retomando o passado)


" Eu achei, sim, uma nova amiga. Mas você sai perdendo. Sou uma pessoa insegura, indecisa, sem rumo na vida, sem leme para me guiar: na verdade não sei o que fazer comigo. Sou uma pessoa muito medrosa. Tenho problemas reais gravíssimos que depois lhe contarei. E outros problemas, esses de personalidade. Você me quer como amiga mesmo assim? Se quer, não me diga que não lhe avisei. Não tenho qualidades, só tenho fragilidades. Mas às vezes (...) tenho esperança. A passagem da vida para a morte me assusta: é igual como passar do ódio, que tem um objetivo e é limitado, para o amor que é ilimitado. Quando eu morrer (modo de dizer) espero que você esteja perto. Você me pareceu uma pessoa de enorme sensibilidade, mas forte.
Você foi o meu melhor presente de aniversário. Porque no dia 10,quinta-feira, era meu aniversário e ganhei de você o Menino Jesus que parece uma criança alegre brincando no seu berço tosco. Apesar de, sem você saber, ter me dado um presente de aniversário, continuo achando que o meu presente de aniversário foi você mesma aparecer, numa hora difícil, de grande solidão.
Precisamos conversar. Acontece que eu achava que nada mais tinha jeito. Então vi um anúncio de uma água de colônia da Coty, chamada Imprevisto. O perfume é barato. Mas me serviu para me lembrar que o inesperado bom também acontece. E sempre que estou desanimada, ponho em mim o Imprevisto. Me dá sorte. Você, por exemplo, não era prevista. E eu imprevistamente aceitei a tarde de autógrafos.
Sua, Clarice."

Carta escrita por Clarice Lispector para Olga Borelli pedindo-lhe sua amizade logo após conhecê-la.

Esse texto eu publiquei em Agosto de 2009. ME sinto frágil hoje e eu adoraria receber uma certa de Clarice.

Entrevista com Albino Rubim (novo Secretário de Cultura da Bahia)

Porque acredito que quanto mais soubermos o que eles falam e pensam, quanto mais estivermos por dentro das coisas que nos afetam, nós podemos interferir com clareza e consciência.

Espero que não haja mudança na Diretoria de Dança da FUNCEB porque a equipe que lá está é muito competente e aberta ao diálogo, além de Alexandre Molina ser uma pessoa da Dança que compreende nossas necessidades e faz o (im)possível para atendê-las.

VEÍCULO
Correio 24h

Albino Rubim, 57, assume a pasta da Cultura baiana, em clima de consenso


Rubim assinou, na tarde de ontem, com mais quatro novos secretários, o termo de posse

19.01.2011
Missão de inserir a área no cotidiano do cidadão

Ceci Alves - O professor da Universidade Federal da Bahia e ex-presidente do Conselho Estadual de Cultura Albino Rubim, 57 anos, reconhece que conseguiu uma coisa razoavelmente improvável: ser uma unanimidade dentro das múltiplas vertentes que habitam a sigla PT. “Fiquei surpreso e honrado de saber que a indicação do meu nome foi consensual na reunião do partido para definir o secretariado”, diverte-se o novo secretário da Cultura, que assume a pasta gerida por quatro anos pelo diretor de teatro e dramaturgo Marcio Meirelles.

Rubim assinou, na tarde de ontem, com mais quatro novos secretários, o termo de posse. Mas contou, em entrevista exclusiva ao CORREIO – primeira que concedeu na sua nova função –, que ainda está em processo de transição: “Uma das coisas que eu e Marcio vamos fazer é combinar quando vai ser a transmissão de cargo”, declara. Ele, que sempre era chamado de “eminência parda da cultura baiana” rechaça o título (“Acho dizer isso até um desrespeito a quem estava à frente da política cultural”), aplaude a gestão de seu antecessor e quer, à frente da pasta, encontrar um equilíbrio entre a continuidade de gestões e as coisas que ainda estão por fazer.

Você já conversou com o governador Jaques Wagner sobre as expectativas dele para a nova gestão da pasta da Cultura?

Esse processo de virar secretário foi muito rápido. Eu não estava minimamente com isso no meu horizonte. Tanto que fui, realmente, meio pego de surpresa. Após a confirmação, ele me falou um pouco da visão dele, das preocupações dele com esse segundo mandato, em aprimorar a gestão, falou dos compromissos que tinha assumido na área de cultura e que ele gostaria de ver realizados. Colocou muito a questão da continuidade de uma série de políticas, que eu também concordo, que foram muito bem feitas pela secretaria, a exemplo da política de interiorização, que é brilhante e que tem de ser continuada. A outra preocupação dele é que o movimento da cultura busque, cada vez mais, incorporar o cidadão.
Como será equacionado o acesso à cultura para o cidadão comum e para os produtores e gestores da área?
A gente fala genericamente de política cultural, mas política cultural tem de ter várias vertentes dentro dela. Existe uma política cultural mais ampla, pra toda sociedade. De outro lado, tem que existir política também para setores da cultura mais profissionalizados. São políticas diferenciadas, claro, uma coisa é uma política de teatro para todo cidadão, que não é a mesma política para o teatro profissional. Essa é uma das intenções que eu levo para a secretaria, que se tenha políticas diferenciadas.

Um dos pontos mais visíveis da política cultural da primeira gestão de Wagner foi a interiorização. Como ela vai ser pensada em sua gestão?

A interiorização é um desafio imenso, a Bahia é um estado pobre, que é do tamanho da França. Acho que a secretaria tem de manter a lógica que foi instituída por Marcio, que é trabalhar os territórios de identidade, porque isso ajuda ter todo esse contato com os municípios. É fundamental que a gente tenha uma política que seja estadual, efetivamente. A política cultural da Bahia, muitas vezes terminava sendo uma política cultural pra Salvador. O período de Marcio foi importantíssimo de começar a reverter isso de forma significativa. Porque não é o estado que tem de dar conta da cultura da cidade; também deve dar conta disso. Mas deve dar conta da Bahia como um todo, não deve se concentrar em Salvador.

Como será tratada a questão do Plano Estadual de Cultura?

O plano precisa ser uma coisa que faça um bom diagnóstico, defina alguns problemas cruciais e dê prazo para enfrentá-los. No caso da Bahia, não foi até agora elaborado um plano. O que foi elaborado foi uma Lei Geral da Cultura, que criava uma certa estrutura no campo da cultura. Mas um plano, mesmo, ainda não foi esboçado. Este é um dos nossos trabalhos. E a gente vai discuti-lo com a sociedade, os produtores culturais, os criadores para realizar um plano que, de um lado, seja democrático e, de outro, muito factível de ser realizado num determinado prazo.

Quais os principais problemas da cultura baiana e quais os caminhos a serem seguidos?

Primeiro problema, que tem a ver com a pobreza do estado, é a exclusão cultural, que também é uma exclusão educacional. Nós temos problemas seríssimos nos índices sociais e de educação na Bahia. Outro problema é a sustentabilidade do campo da cultura, que é muito limitada. Queremos discutir com os setores da cultura uma sustentabilidade melhor, o que o estado pode fazer para que haja um mercado cultural sedimentado aqui. Outro ponto é a questão de acesso à cultura, que eu acho fundamental pra que esse direito cidadão seja realmente exercido, enquanto consumidor de cultura, produtor ou pessoa que participa do debate de cultura na sociedade. Outra exclusão imensa é essa, poucas pessoas participam do debate cultural, como se a cultura fosse uma coisa alheia à vida das pessoas.
A gente precisa mostrar como a cultura é importante na vida das pessoas e que elas têm o direito de participar, discutir, influir e pressionar. A questão da diversidade é outra coisa fundamental, porque, em determinados momentos, algumas políticas culturais enfatizaram muito uma monocultura, uma cultura que afirmava apenas uma identidade. Então, queremos criar uma política cultural – a gestão de Marcio já fez isso –, que enfatize muito esse respeito à diversidade, mostrar que a riqueza da Bahia é exatamente a diversidade que ela tem. Vamos trabalhar muito nessas linhas transversais, de vincular cultura com outras áreas, como educação, comunicação, ciência e tecnologia.

Como vai lidar com os pontos nevrálgicos da primeira gestão da cultura de Wagner, que foram o trato com o mercado cultural de Salvador e a gestão do Pelourinho?

É muito importante ouvir as comunidades culturais e vamos fazer essa escuta. Vamos tentar desenvolver uma política cultural mais profissional com os artistas e os setores organizados. Mas não podemos substituir uma política que devia ser desenvolvida pela cidade. Seria muito importante que Salvador avançasse nisso. Tem umas demandas que, às vezes, são endereçadas ao estado e que deviam ser endereçadas ao município.
Salvador tem que ter uma política cultural, tem que ter uma atuação firme, uma prioridade e investimento no campo da cultura. O que a secretaria de estado puder apoiar nesse sentido, vamos apoiar. Já no tocante ao mercado cultural, a política deve se voltar para a sociedade como um todo, deve ser uma política de cidadania cultural. Isso não implica que não haja políticas específicas. Se você diz que a política não é mais pros criadores apenas, tem que ser mais ampla, você, então, tem que ter uma política para os criadores. E a gente vai perseguir isso. A outra questão é o Pelourinho. É preciso deixar claro: o Pelourinho está numa situação complicada, mas não é de agora, também. Tentou-se associar muito isso ao governo Wagner. Acho uma injustiça total, porque o processo de complicação e degradação do Pelourinho é anterior a isso. O modelo que foi implantado ali era um modelo que talvez não se sustentasse, todo marcado pelo turismo. O turismo não vai sustentar o Pelourinho. Esse modelo que foi implantado tinha problemas que vinham de antes e que foram se agravando. É um desafio, e está, em boa medida, com a Secretaria de Cultura. Não é uma questão simples, que você tira da cartola. É uma questão que a gente vai ter que enfrentar.
Você pretende manter o staff que aí está?

De maneira nenhuma já pensei sobre equipe. Vou me sentar com a equipe toda que aí está para ter uma visão plena. A começar com uma conversa com Marcio, pra ter uma visão pormenorizada do que a secretaria está fazendo. A partir daí, vou fazer um equilíbrio de mudar o necessário e manter o que está funcionando bem

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Por que ir assistir a O Corpo Perturbador

Por Carollini Assis

Antes de ler sobre O Corpo Perturbador, pois pretendia ir assistir ao espetáculo, eu não sabia da existência dos devotees, pessoas que sentem atração sexual por outras com deficiência. Sequer da dos pretenders, que além de serem devotees, fingem ser deficientes. E dos wannabes, devotees que querem tornar-se deficientes. O Corpo Perturbador já enriqueceu minha visão de mundo antes mesmo de sentir o impacto do espetáculo no palco.

Chovia. Chovia muito. Duvidei que fosse ter o espetáculo. Tomava um capuccino enquanto esperava o anúncio por parte da produção. Não havia cobertura para o cenário, mas para o público sim. De repente, os olhos da amiga ao meu lado tem o foco de atenção mudado. E ao menear minha cabeça, eis que vem ele, Edu O., pelo chão vem trazendo o universo de movimentos do corpo, do olhar. Do outro lado, eis que surge Meia Lua já quase no cenário. Quando vi tamanha integridade, força e determinação, quando vi as gotas d´água caírem sobre as cabeças daqueles meninos diante dos olhos atentos de um público que é encanto e inquisição, emocionei-me. Atuar e dançar na chuva é para quem tem total domínio sobre seu trabalho, sensibilidade, é para quem sabe que água é benção, Oxum.

O corpo com deficiência se mostra pleno numa cama de gato que nos inquieta, agiganta e questiona. Delicadeza e testosterona, sussuros, ruídos, sonoridades nascidas de um trabalho de pesquisa que, chicotada de sutileza, sufoca nosso grito, torna-o oculto, prende nosso olhar, torna-o devoto das nuances coreográficas por vezes lancinantes, por vezes delicada e poética.

A rejeição do entrelaçar de pernas, entre Edu Oliveira e Meia Lua, é uma cena que nos convida a questionar o amor, a rejeição, a insistência, a busca sem fim do outro no nosso próprio eu. Desfila-se um comprimir dos corpos na teia dos quereres e quem pensa que a estética do corpo disforme vai atrair seu olhar, sequer imagina que o baile dos corpos encontraram o caminho de infinitas possibilidades, não mais o procuram.

Não sou crítica, nem tenho conhecimentos para tal. Sinceramente descrevo as emoções que me deixaram desconcertada após o espetáculo. Perturbada.

Viva quem faz e acontece na Bahia! Prolongados aplausos para os meninos que fizeram a dança dos corpos na chuva.

O Corpo Pertubador
20 a 23 de janeiro
Pátio do ICBA - entrada franca
17h30

Vencedor do Edital Yanka Rudzka de Apoio á montagem de espetáculos de dança


Foto Diane Portella

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Caindo água

Hoje nada adiantou os bonequinhos de chuva de minha mãe. Eles que sempre resolvem a questão, não funcionaram. São Pedro resolveu despencar um toró justamente na nossa entrada em cena.  Catarina, produtora, chegou preocupada perguntando se faríamos o espetáculo. para mim não houve um minuto em que eu pensasse em desistir, adiar o espetáculo. Eu e Meia Lua estávamos firmes de que entraríamos em cena. E foi lindo!

O ICBA cheio, nós dois com uma força imensa sendo lavados por aquele aguaceiro que insistiu em cair durante toda a apresentação. Tudo foi inspirador e emocionante. Os aplausos muitos e demorados me levaram as lágrimas. Deu tempo de pensar em tudo que passei e agradecer intimamente por estar ali novamente. Agradecer a paciência dos meus companheiros de trabalho, esperando eu me recuperar para voltar ao trabalho, ao público que esteve na semana que cancelamos e voltou. Agradecer a vida por me deixar firme e forte.

Lembrei que o início das pesquisas para o espetáculo foi lá em Itacaré, embaixo d'água. Acho que estamos voltando agora de onde nascemos. Um ciclo fechando de forma linda.
Foto André Baliu

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Milles foi para casa

As vezes Milles chega aqui em casa e se aloja bem ao lado da minha cadeira. De conversa gostosa, risada fácil e amor transbordante. Millies é um gato que pula o muro e atravessa montanhas, vem lá de longe pegando carona em nuvens e aterrissa juntinho de mim cheio de boca, dente, abraços. Sinto falta de seu bafo quente de cigarro e roska dobrada em Geraldo, agora eu nem preciso mais estar juntinho.

Milles não cansa de pular a janela e se enroscar entre minhas pernas. As vezes ouve um "Vá para casa, Milles" e sai correndo, se jogando de volta para o seu lar. Ele respeita muito sua vizinha. OPS, eu estava falando de Milles ou da vizinha? Vou recomeçar.

A vizinha de Milles chega aqui em casa e se aloja bem do lado esquerdo de mim. De conversa gostosa, risada fácil e amor transbordante. A vizinha de Millies atravessa montanhas, vem lá de longe pegando carona em nuvens e aterrissa juntinho de mim cheia de boca, dente, abraços. Sinto falta de seu bafo quente de cigarro e roska dobrada em Geraldo, agora eu nem preciso mais estar juntinho. A vizinha de milles foi para casa e deixou a minha vazia de sua presença brilhante. Meu riso, meus pensamentos, minhas graças... A vizinha de Milles deixou uma saudade tão grande que parece ter levado tudo isso com ela. Por incrível que pareça, levou no mesmo dia o meu amor e eu agora estou aqui, sem nenhum deles dois.

A vizinha de Milles sabe das coisas de ser amiga, companheira. Sabe doar-se, sabe cobrar e exigir pequenas coisas que levo na graça e não dou ousadia. É amiga de muito tempo e de lá da capital. Vivemos muito tempo na maior metrópole do mundo, pequena na geografia e gigantesca em causos e personagens, acabamos nos transformando neles também.

Agora ela está lá enxotando gato, dormindo com mãos na parede, recebendo gente fina que aparece em TV e faz essas coisas esquisitas no teatro. Até em video de cantora a vizinha de Milles já apareceu. Se acha toda importante e deve ser por isso que vem rapidinho, faz cócegas no nosso coração, beija e vai embora com promessa de retorno breve.

Eu queria que tivesse sido o próprio Milles a nos deixar, mas é que ele ficou lá embaixo da janela esperando a vizinha voltar.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Noite de Santo Amaro

A Noite de Sto Amaro, produzida pela MP Produções (Maurício Pessoa) foi fantástica! Desde cedo a Concha Acústica estava no clima da cidade. Amigos se cumprimentando de longe como se falassem das janelas de suas casas, visitas de outros estados chegando e recebidas com alegria e carinho, muita música, samba, o povo animado e até barraco. No início a galera mal educada que insiste em ficar em pé na frente do palco atrapalhando um pouco o show, mas tudo contornado pelo mestre de cerimônia Jorge Portugal que apresenta com muita competência e animação essa festa que estava fora do calendário há três anos, mas que retornou com toda força. Na minha opinião foi a melhor Noite de todas, desde quando começou há 10 anos.

O palco cheio de estrelas da melhor qualidade da música santamarense e brasileira (Stella Maris, Eduardo Alves, Roberto Mendes, Caetano Veloso, Ulisses Castro, Lívia Milena, Márcio Valverde, Marcel Fiuza, Freddy, Belpa, Jota Veloso, Zélia Dunkan, Margareth Menezes, Armandinho Dodô e Osmar, Flávio Venturini, Carla Visi, Mário Ulloa), acompanhados por músicos poderosos, meus amigos Valmar Paim (Chiclete com Banana), Gustavo Caribé, Jaiminha, Badega, Kiko Souza, Junior, João e o diretor musical Paulo Daflin.

Noite extraordinária como somente Sto Amaro poderia produzir. Fiquei ao lado de Astrid Fontenele e ela não acreditava na quantidade de santamarenses talentosos que existe. Me diverti muito sentado no palco com tia Mabel, minha mãe Dinorah Oliveira que fez a linda ambientação cênica junto com o cenário de Jota Cunha, minha amiga Cléa Ferreira. Uma MARAVILHA! Só faltou a batida de Tote Lima.

Jorginho chamando o povo para a alegria

Eduaro Alves, a melhor voz masculina de Sto Amaro atualmente (há muito tempo, ne?) e um dos meus compositores favoritos
Stella Maris, divina voz que a Purificação nos deu

Livia Milena, adoro ouvir esses Olhos de Pagu

Caetano, burrice se eu tentar adjetivar

Grande, grande, imensidão de Roberto Mendes (ADORO!) e Jota queridíssimo!


A dona festa abençoando o neto que aniversariava na noite


Quartinhas enfeitadas por Dinorah Oliveira (Maravilhosa!)

Belpa, linda!
Mario Ulloa, um dos melhores violonistas do mundo

Margareth é a dona de tudo mesmo. Apresentação perfeita, contagiante. Para mim é a melhor da Bahia!

Zélia, beleza pura

Armandinho ferveu o chão da Concha

Carla Visi encerrando a noite em festa
Maurício Pessoa responsável por tamanha alegria e Luzia Moraes, querida, de quem roubei essas fotos no fecebook (com autorização)

Chico Pinheiro dando uma mãozinha na apresentação

Todas as fotos são de Sidney Rocharte

domingo, 16 de janeiro de 2011

Felicidade na varanda (da série Retomando o Passado)

Eram mais de 25, todos do mesmo saco, assistindo a aula, ganhando presentes embaixo da árvore de Natal com algodão nos galhos pequenos, brincando na varanda da casinha do bairro distante daquela cidade do interior.

Eu não sabia, mas já exercitava a tolerância e nunca imaginaria que ser diferente poderia causar guerra. Tinha índio almoçando com astronautas, enfermeiras passeando com o paciente em cadeira de rodas de mãos dadas com o pedreiro da obra vizinha.... Tinha tanta coisa que eu perdia, ou ganhava, minhas tardes brincando com aquele monte de bonecos de Playmobil.

Minha irmã brincava com Teco, seu boneco grande. Não era ainda um bebê perfeito, era feito de plástico barato, com articulações robóticas, mas era meu afilhado. Ela não sabia, mas já exercitava sua maternidade e previa um lindo futuro.

Hoje ela tem um boneco lindo, com articulações e sorriso e olhar curioso e tanto amor!!!! e grita e chora e brinca e bole e sonha nos fazendo sonhar!!!! E também é meu afilhado, oficializado agora com as bençãos da Igreja Católica. Não tinha me dado conta, mas este é um ritual bonito, embora cheio de detalhes de hipocrisia como esta igreja adora cultivar.

Já sou padrinho de uma princesa linda, sou o seu Dindo Du, para meu pequeno devo ser o seu Tio Dindo. Para mim os filhos que não teria e não fecundei/gerei.

Para seus pais minha gratidão e felicidade pela confiança. Espero ensinar e brincar de fantasia como fazia naquela cidade do interior há tanto tempo atrás. Hoje a responsabilidade é maior. No fundo eu acho que eles que irão me ensinar e me manter na fantasia da felicidade que eu experimentava na varanda.

* Escrevi este texto em 26 de Janeiro de 2009 e meus sentimentos ainda são tão atuais. Agora ganhei mais um afilhado, na verdade já era há muito tempo, mas aficializamos no Natal. Adoro revisitar meus escritos e vê-los vivos.

O cardume

Há um momento, pequeno momento, em que a carne sangra a faca que lacrimeja o sal. A sensação de solidão, de abandono e a sombra do outro escurece o dia, as vistas. O desejo se dissipa, as alegrias se vão e resta aquele ranso na boca de peixe mal tratado, de lágrima no fundo do mar.

Precisamos entender que somos sós no meio desse cardume.

Palavra acesa (Quinteto Violado)

Composição: Fernando Filizola

Se o que nos consome fosse apenas fome
Cantaria o pão
Como o que sugere a fome
Para quem come
Como o que sugere a fala
Para quem cala
Como que sugere a tinta
Para quem pinta
Como que sugere a cama
Para quem ama
Palavra quando acesa
Não queima em vão
Deixa uma beleza posta em seu carvão
E se não lhe atinge como uma espada
Peço não me condene oh minha amada
Pois as palavras foram pra ti amada
Pra ti amada
Oh! pra ti amada
Palavra quando acesa
Não queima em vão
Deixa uma beleza posta em seu carvão
E se não lhe atinge como uma espada
Peço não me condene oh minha amada
Pois as palavras foram pra ti amada
Pra ti amada
Oh, pra ti amada
Pra ti amada

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

O bom aluno

Durante o período escolar, eu e minha irmã sempre figuramos na lista de melhores alunos e normalmente passávamos na terceira unidade. Da minha parte não por amar estudar, mas porque aprendi uma coisa com minha mãe que dizia para nos livrarmos logo e ficar de férias cedo, além de repetir insistentemente que essa era a nossa única obrigação e não aceitaria reprovação. Tudo isso com doçura e nos presenteando a cada final de ano bem sucedido.

De certa forma assumi a postura de me livrar das coisas logo e aplico em grande parte do que vivo. Se tenho que tomar um remédio tomo logo, sem arrodeios para me livrar, se preciso acordar cedo para algum compromisso não fico enrolando na cama, vou logo e volto para dormir, se quero acertar as contas com alguém vou logo para decidir a situação, enfim... não fico me enrolando, adiando as coisas.

Acho que foi com esse princípio que me dediquei a dieta alimentar que me foi imposta, apressei o exame que teria que fazer, agilizei o procedimento preparatório para realizá-lo. Claro que tem sacrifício no jogo,  sofrimento. Até mesmo porque se eu ficasse demorando para resolver essa questão tudo ia embolar o meio de campo, atrapalharia o retorno do espetáculo O Corpo Perturbador e principalmente poderia me prejudicar no trabalho em Londres. Um sonho que soube lidar com o tempo e agi sem pressa de me livrar, degustando a delícia que é realizar aquilo que projetamos na vida e fazemos com amor.

Aí sim, deleite e proveito. Acho que aprendi a lição.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Meia gargalhada, não é gargalhada

Sou uma pessoa fácil de se fazer caricatura, basta desenhar o nariz grande, a careca, as pernas finas e pés pequenos calçados num all star, pochete pendurada no peito e a gargalhada. Sempre foi minha característica gargalhar alto, exageradamente, espalhafatoso. Às vezes isso incomoda e as pessoas enchem o saco pedindo comedimento no sorriso. Impossível!

Outra caracterísctica forte em mim é o "8 ou 80", nunca soube ser "meio termo", "mea-boca", até já escrevi sobre isso aqui no blog. Se falo, falo demais, se rio, rio demais, se bebo... ai nem comento. Se vivo.... vivo demais. Não há coisa melhor para mim do que viver. Me sentir vivo, ativo na vida. Por causa da diverticulite, agora estão colocando na minha cabeça para eu não abusar. Para ser prudente e não exagerar. Como, meu deus, se o que me define é o exagero? Se a música que me traduz é exatamente a do exagerado maior: Cazuza? Se ele é o meu amoir ídolo? Isso quer dizer alguma coisa?

Pois bem, ficar sem me jogar na noitada, não comer a qualquer hora (eu nem sou de comer muito) o que eu quiser, ficar sem meu X-bacon, sem minhas Roskas dobradas em geraldo, sem viver da forma que bem entender, é como dar uma meia gargalhada, e isso não existe. Lógico que falando reduz a situação às coisas (roskas, comida, etc), mas o que falo é estilo de vida, o que eu sei viver e ser, o que escolhi. Não sei ser metade. Como ir para a casa dos outros e ser o chato que não come nada? Como não varar as madrugadas? Ficar o tempo todo com a preocupação em ter outra crise... Que nada!!!

Amanhã iniciarei os preparativos para uma colonoscopia e na sexta farei o exame. A partir dele tudo pode mudar em minha vida e isso me desespera, angustia. Estou tentando fazer graça, gargalhar, colocando na cabeça que nada mudará. Aliás, mesmo se der alguma coisa, algo em mim me afirma que nada mudará, mesmo que para isso a ampulheta corra mais rápido.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Eu também já fui rei

Foto Nei Lima

"Você será o rei branco!", minha mãe chegou com voz embargada me comunicando o fato, cheia de surpresa e alegria. Minha cabeça viu tudo passar como num rolo de cinema em alta velocidade. Naquele momento pensei em meu avô e em tudo que Sto Amaro me deu/dá. Nunca imaginei que seria um dos reis do Terno de Reis Filhos do Sol, feito por tio Rodrigo e toda família Veloso, em homenagem a Dona Canô.

É que sou filho da casa/cidade, filho de Dinorah, frenquento a festa há bem mais de 10 anos e para mim é quando o ano começa. Minha mãe ajuda na decoração, faz adereços e sem saber caprichou na minha coroa, foi surpresa para ela também que já foi anjo.

É a melhor festa de minha terra e eu como um súdito, um verdadeiro plebeu, jamais poderia subir ao posto de rei.

Para outras pessoas ser Rei pode ser uma brincadeira gostosa, aparecer na Caras e ter destaque no meio daquela multidão. Para mim era uma homenagem a minha mãe, a nossa amizade, a própria cidade onde me fiz gente. Saí as ruas com sorriso gritando no rosto e me emocionava com os olhares emocionados das pessoas que acompanhavam o cortejo e gritavam palavras carinhosas para mim.


Foto Vinicius Arneiro

Na porta de Dona Canô foi emocionante ver sua surpresa e alegria ao me ver de Rei. O anjo a coroou, rainha maravilhosa! Todas as reverências para esta mulher!

Passamos na frente da casa de meu avô, agora completamente modificada, mas pude ainda ver a janela azul e ele debruçado. Fiz um aceno silencioso para meu velho que não estva ali de verdade. Fui andando e vendo como a cidade se modificou, menos o meu afeto a minha gratidão.

Chegamos a Igreja de Nossa Senhora da Purificação e eu agradeci por tudo que tem me acontecido. Ali, Pai Pote falou para a segunda homenageada da noite: Mãe Hilda Santos, a mais antiga mãe de santo da cidade.


Foto Vinicius Arneiro

Seguimos para a porta do Hospital Santa Casa de Misericórdia onde nos esperava o Presépio de Dida. Roberta, uma amiga que amo era o anjo e nos recebeu de braços abertos e sorriso lindo no rosto. O menino Jesus e seus pais me emocionaram com a delicadeza daquele momento.

Seguimos de volta a Lira, passando pela porta de tia Bibi, Dona Dedé, Dida, Nena, Heda.

Na chegada a Lira nosso reinado acaba para dar espaço a festa que durou até as 6h da manhã. Teve tudo para se dançar Marcel Fiuza que fez um som maravilhoso, Coisa de Pele, Dj, Oyá... Uma maravilha!

Tio Rodrigo é o grande produtor dessa festa e este ano me fez muito feliz.Obrigado!


Foto Vinicius Arneiro

"Todo menino é um rei
Eu também já fui rei"
(Nelson Rufino/ Zé Luiz)

sábado, 8 de janeiro de 2011

Festa de Reis

A dona da casa
é boa de dar
garrafa de vinho
doce de araçá

Hoje acontece a melhor festa de Sto Amaro, na minha opinião. Adoro saber que o ano começa, mais pela certeza de festejar os santos reis e homenagear Canozinha. A festa reluz alegria e beleza. A cidade se enche de gente, há muito reencontro com amigos que as vezes só encontramos nesse dia. Uma delícia!

Estou acabando de escrever um projeto, dormirei pouco, porque cedinho viajo para minha terrinha e começo a festa. Depois venho correndo contar aqui. Não tão correndo pq ficarei mais um dia curtindo a cidade.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

INIMIGOS

           O apelido da Maria Teresa, para o Norberto, era ‘’Quequinha’’. Depois do casamento, sempre que queria contar para os outros uma da sua mulher, o Norberto pegava sua mão, carinhosamente, e começava:
— Pois a Quequinha…
E a Quequinha, dengosa, protestava:
— Ora, Beto!
Com o passar do tempo, o Norberto deixou de chamar a Maria Teresa de Quequinha. Se ela estivesse ao seu lado e ele quisesse se referir a ela, dizia:
— A mulher aqui…
Ou, às vezes:
— Esta mulherzinha…
Mas nunca mais Quequinha.
(O tempo, o tempo. O amor tem mil inimigos, mas o pior deles é o tempo. O tempo ataca em silêncio. O tempo usa armas químicas.)
Com o tempo, Norberto passou a tratar a mulher por ‘’Ela’’.
— Ela odeia o Charles Bronson.
— Ah, não gosto mesmo.
Deve-se dizer que o Norberto, a esta altura, embora a chamasse de Ela, ainda usava um vago gesto da mão para indicá-la. Pior foi quando passou a dizer ‘’essa aí’’ e a apontar com o queixo.
— Essa aí…
E apontava com o queixo, até curvando a boca com um certo desdém.
(O tempo, o tempo. O tempo captura o amor e não o mata na hora. Vai tirando uma asa, depois a outra…)
Hoje, quando quer contar alguma coisa da mulher, o Norberto nem olha na sua direção. Faz um meneio de lado com a cabeça e diz:
— Aquilo…

[VERÍSSIMO, Luis Fernando. Novas comédias da vida privada. Porto Alegre, L&PM, 1996, p. 70-71].

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

É a cultura que diz quem somos nós

Recebi um email com o discurso de posse da nova Ministra da Cultura do Brasil e gostei muito do que li, alimentou minha esperança e o desejo de continuar nesse trilho difícil da arte.

O discurso na íntegra pode ser lido aqui
Abaixo trechos que me emocionaram muito.

MINISTRA DA CULTURA DO BRASIL
Brasília, 03 de janeiro de 2011.
Posse da nova ministra
Discurso de posse proferido pela nova ministra da Cultura, Ana de Hollanda.

......

Erradicar a miséria, assim como ampliar a ascensão social, é melhorar a vida material de um grande número de brasileiros e brasileiras. Mas não pode se resumir a isso. Para a realização plena de cada uma dessas pessoas, tem de significar, também, acesso à informação, ao conhecimento, às artes. É preciso, por isso mesmo, ampliar a capacidade de consumo cultural dessa multidão de brasileiros que está ascendendo socialmente.

Até aqui, essas pessoas têm consumido mais eletrodomésticos – e menos cultura. É perfeitamente compreensível. Mas a balança não pode permanecer assim tão desequilibrada. Cabe a nós alargar o acesso da população aos bens simbólicos. Porque é necessário democratizar tanto a possibilidade de produzir quanto a de consumir.

.....

A criatividade brasileira chega a ser espantosa, desconcertante, e se expressa em todos os cantos e campos do fazer artístico e cultural: no artesanato, na dança, no cinema, na música, na produção digital, na arquitetura, no design, na televisão, na literatura, na moda, no teatro, na festa.

Pujança – é a palavra. E é esta criatividade que gira a roda, que move moinhos, que revela a cara de tudo e de todos, que afirma o país, que gera emprego e renda, que alegra os deuses e os mortais. Isso tem de ser encarado com o maior carinho do mundo. Mas não somente com carinho. Tem de ser tratado com carinho e objetividade. E é justamente por isso que, ao assumir o Ministério da Cultura, assumo também a missão de celebrar e fomentar os processos criativos brasileiros. Porque, acima de tudo, é tempo de olhar para quem está criando.

A melhor companhia

Perdido naquele vale um cara silencioso, solitário, andava com expressão firme, mas delicada. Camisa enrolada na cabeça, tronco peludo, bonito, loiro, bermuda larga e pés descalços. Apenas um livro e uma mochila murcha nas costas. Andava sempre sozinho. Sozinho. Era de pouca conversa, de poucos encontros e alguns carinhos nos animais soltos na praça.

Sentado na beira da rua, lendo sobre plantas medicinais. Precisa compreender as coisas do mundo em que vive, da forma de vicer que escolheu, se defender dos males que podem surgir no seu corpo. Sabiamente escolhe as coisas certas para uma vida sem sustos. Havia paz e felicidade em seu olhar.

Sem desenhos no corpo, peitoral e panturrilhas definidos talvez pelo esforço de trilhas, pelo contato com o sobe e desce das montanhas, no refúgio das rochas e árvores. Há muito tempo está ali e sempre com um sorriso discreto no canto da boca. Observa a agitação dos turistas e se recolhe ainda mais.

O homem jovem é belo, mais ainda pela vida de beleza que escolheu para si. Sem culpa pelo abandono dos demais, sem apreensão e angústias pelas coisas efêmeras. Sozinho é estar feliz. Sua melhor companhia.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Um milagre




E antes que eu esqueça, começando os trabalhos lembrando dos nossos direitos e torcendo para as consicências crescerem e o respeito as leis existir. Essa campanha é muito bem bolada, com humor, do jeito que eu gosto.E ainda há cretino que acha que está certo.

pROGRAMAÇÃO

Coisas já programadas O cORPO pERTURBADOR, cANDOCO, jUDITE, eUPHORICO, dANCON, sEMINÁRIO EM sÃO PAULO E OUTRAS JÁ PROJETADAS ESPERANDO O SIM DO MUNDO.

qUE VENHA 2011!