segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Ser poema

Perdi o ar quando algo em mim sussurrou:
é porque eu só sei ser poema
e gargalhou

foto Edu O.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

O presente da outra

Com riso solto me disse que a coisa que mais precisava era de um choro forte, feito torneira aberta. Não era tristeza o que sentia, era apenas vontade de chorar. Como quem desentope pia, como cachoeira que derrama. Em meio a tantas coisas loucas, confessou a inveja do presente da outra. Logo aquela que nunca desejou, nunca teve o menor cuidado, nem tinha interesse naquilo, foi presenteada. Ela que havia parado de beber, de fumar, que fez de tudo, até promessa para o presente chegar.... NADA!!! Até agora nada. E emendou com a história dos olhos que se beijaram.

Não foi bem assim, mas achou natural as bocas se encontrarem já que os olhos tocaram antes e foi inevitável os lábios, as línguas, as salivas, o coração ofegante, o toque nas costas, o pau subindo.... Foi quase um choro, me disse e recomeçou a gargalhar. Depois saiu e voltou com um cigarro na mão. Estava muito nervosa e o presente da outra ainda estava entalado em sua garganta. A partir de agora ia parar de pensar nisso, voltar a fazer tudo que havia parado de fazer. Voltou a falar de onde parou. O pau duro sob as calças e barba por fazer. Acabou o cigarro como torneira e nem respirava com os pensamentos feito cachoeira derramando. A fala silenciou, mas podíamos ver seu peito ofegante, seu ventre bulindo como o presente da outra crescendo, crescendo, crescendo, crescendo......


sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Quando começa uma viagem?



Quando começa uma viagem? Com a mala pronta? Quando saímos pela porta? No momento do adeus?

Quando a viagem inicia? Quando entramos no avião? Quando chegamos ao destino?

Na preparação das coisas? Na noite anterior sem dormir? Nas semanas carregadas de emails? Nos sonhos com o frio?

Esta viagem começou há tanto tempo! E agora parece o fim......... fim de um ciclo, fim destes esncontros, desta etapa do projeto..... fim.... a viagem começa no fim? No retorno?

domingo, 12 de agosto de 2012

Fafá é punk, rock, jovem...

Sempre tive grandes mestres na vida com quem aprendi muita coisa que formou meu caráter, minha personalidade, minha forma de agir e ver o mundo. Minhas preferências, minhas influências musicais, estéticas, minha liberdade, meus vôos.

Fafá Daltro é desses mestres presentes, fundamentais e decisivos na minha formação profissional, no jeito de compreender a Dança, a vida. Não conheço ninguém mais jovem, mais rock, mais punk do que Fafá. Rompe com todas as normas, consciente do que está fazendo e da importância de fazê-lo. O mundo é uma batedeira nas mãos de Fá. Tudo muda o tempo todo e agora e neste instante... Seus pensamentos viajam à velocidade da luz e haja pernas para alcançá-los, haja inteligência, sensibilidade, capacidade de doação.

É um privilégio estar ao seu lado, segui-la com olhos atentos para aproveitar tudo que pode nos oferecer. E como é generosa.... meus olhos mareados pela alegria de ser de Fafá discípulo, companheiro, amigo.

Alvuras é seu mais novo trabalho, coreografia de difícil assimilação, mas de fácil identificação com as belíssimas imagens criadas junto com Andrea Daltro (divina voz) e Ricardo Bordini. Às vezes  parece sonho, às vezes parece filme. Ficamos embevecidos, imersos nessas imagens como se nos afogássemos em nuvens. Um espetáculo que atinge todos os sentidos. É sonoro, tátil, visual, olfativo.... e ainda pipoca em nossos sentimentos a presença de tudo que precisa emergir.

Fafá é uma artista única, rara, merece todas as reverências, todas as homenagens, todo respeito. Tenho certeza de que se morasse em outro país seria referência, ícone...

Fafá não é para este mundo!

foto de Clarice Cajueiro Miranda

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Descrição cartaz de Alvuras


Vamos aprendendo durante o percurso, embora estejamos nesta causa há algum tempo tem coisas que nos passam e que não somos informados. Uma dessas é a importância de se descrever o material de divulgação para que a pessoa cega possa saber o que é a imagem.

Cartaz do espetáculo Alvuras
O primeiro plano mostra as informações do espetáculo dispostas de cima para baixo.
No alto, em letras brancas, os nomes dos artistas intercalados por um ponto Fafá Daltro . Andréa Daltro . Ricardo Bordini
Logo abaixo, lê-se “Alvuras”. A palavra Alvuras, em tom branco, está centralizada no alto do cartaz, e parece ter sido escrita à mão, evidenciando os ricos traços comuns à escrita do século XIX.
Sob Alvuras, lê-se em letras pequenas: “Este projeto foi contemplado pelo edital Yanka Rudzka de Apoio a Montagem de Espetáculos de Dança 2010”.
Pouco mais abaixo, em tom vermelho escuro e em negrito, o local e endereço do espetáculo: Baluar7e Casa de Arte - Ladeira do Baluarte, 07, Santo Antônio Além do Carmo”.
Exatamente no meio do cartaz, em tom vermelho escuro e centralizado, o período de duração do espetáculo e horários das apresentações: 09 a 12 de agosto, 17h e 19h.
Um pouco mais abaixo, no mesmo tom vermelho escuro, informação sobre capacidade de público do local e valor do ingresso: “Ingressos limitados: 20 pessoas. Valor único: R$ 2,00.”
Na parte inferior do cartaz, com letras em tamanho reduzido e no mesmo tom vermelho escuro, a seguinte informação: “Dia 10: O espetáculo acontecerá com audiodescrição para pessoas cegas”.
No rodapé do cartaz, da esquerda para a direita, as logomarcas dos patrocinadores do espetáculo, apresentadas da seguinte forma: “Apoio Financeiro: “FUNDAÇÃO CULTURAL DO ESTADO DA BAHIA”; “FOMENTO À CULTURA, Fundo de Cultura”; “SECRETARIA DA CULTURA”; a  logomarca da “SECRETARIA DA FAZENDA” é representada sobre fundo branco e compartilha esse mesmo espaço, separado ao meio por uma barra  vertical preta, com a logomarca “BAHIA GOVERNO TERRA DE TODOS NÓS”; “Produção”: “AMPLA” “produções e eventos”.
Em segundo plano, no canto direito do cartaz, imagem de uma armação de indumentária do universo feminino, disposta de lado, sem cabeça, braços ou pernas, com coloração marrom. Sobre a armação, um espartilho do século XIX que realça e afina a cintura. Por cima da imagem, encontram-se três trevos com três folhas cada, cujos caules se entrelaçam.
No terceiro plano, fotografia antiga de uma mulher jovem, pele clara, trajada em longo vestido preto, ajustado ao corpo, com recorte abaixo do pescoço, o que deixa seus ombros à mostra. Ela olha para a frente, como se estivesse observando algo mais distante. Ela usa um grande e alto chapéu preto. Sua cintura está bem marcada, seus quadris evidenciados, desenhando uma curvatura sinuosa.
Fundo do cartaz em tonalidade sépia. À medida que a tonalidade aproxima-se do cabeçalho e do rodapé, vai escurecendo pouco a pouco até tornar-se preta nas partes superior e inferior do cartaz.

Crédito das Descrições do Cartaz “Alvuras”: Ana Clara Oliveira (roteirista) e Adriana Urpia (revisora), membros do Grupo TRAMAD (Tradução, Mídia e Audiodescrição), coordenado pela Professora Doutora Eliana Franco.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Lembrete para apresentação de Odete no Quarta que Dança


Odete, traga meus mortos (comigo e Lucas Valentim), quarta-feira, dia 08-08, às 20h, no Espaço Xisto Bahia, integrando a programação do Quarta que Dança 2012. Vamos brindar?



quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Lê pra mim?

Recebi um convite para participar de um projeto tão bonito! Nessas horas agradeço a arte ter me escolhido para andar junto com ela. Quarta-feira, dia 08-08, às 11h, no Farol da Barra, farei a leitura do livro Judite quer chorar, mas não consegue!, no projeto "Lê pra mim?", criado pela atriz Sonia de Paulo. O projeto que já circulou por outras cidades brasileiras, com nomes como Malu Mader, Debora Bloch, Zezé Polessa, Nicette Bruno, Laura Cardoso, terá participação, aqui em Salvador, de Mabel Veloso, Jackson Costa, Paloma Amado, Érico Brás, Luís Miranda, entre outros. 


O projeto oferece também tradução em LIBRAS, atendendo as crianças com deficiência auditiva.


A escolha pelo Farol da Barra, segundo a idealizadora do projeto, é uma forma de também chamar atenção dos governantes da Bahia para a acessibilidade dos pontos turísticos do Estado, principalmente em Salvador. Causa que apoio e compro a briga. Muitos podem justificar pelo tempo da construção, por serem monumentos históricos, patrimônio, etc... Quando me vejo conhecendo o Louvre, em Paris e outros monumentos em Londres e Marseilles, por exemplo, que são cidades muito mais antigas do que Salvador ou outra qualquer do Brasil, não acho que a justificativa de patrimônio ou tempo da construção justifique a falta de acessibilidade. É falta de vontade mesmo! 


Estou muito honrado pelo convite principalmente pelo livro de Judite estar no meio de outras obras tão importantes.