quarta-feira, 3 de abril de 2013

Dias como este

Em dias como este, a saudade dele aumenta. Bastava correr para aquela casa, atravessar o corredor longo de quatro portas e a capela, encontrá-lo à mesa cortando fatias finíssimas do pão duro para fazer torradas. Me deitava no sofá sentindo o cheiro daquele lugar meio ácido, meio úmido. Depois ele vinha e sentava ao lado da minha cabeça encostada na almofada dura. E conversávamos...

Hoje, larguei o computador, me joguei na cama embaixo da janela quando a chuva começou a cair. Continuei deitado sentindo os pingos frios acalmando a noite quente, minha cabeça quente, minhas lágrimas quentes. Um gole de café quente faz bem nessas horas.

Nós levantávamos e caminhávamos até a mesa eternamente pronta para o café, com leite em pó, biscoito água e sal e as famosas torradas com manteiga. Tem um momento na vida em que é necessário dar muitos passos para se chegar à mesa.

Precisava burlar as dietas e sentir gosto pesado de comida salgada. Deixei o café para depois e compartilhei com ele o sabor gostoso e gelado que roubei da geladeira.

Tudo passando como num filme em câmera lenta. Tempo esgarçado pela angústia, tristeza e raiva. Sinto saudade do tempo em que eu acreditava compreender o mundo. Hoje é tanto silêncio sem resposta em minha cabeça. Essa caixa ecoando dias como este.

Nenhum comentário: