Eu acredito mesmo nas micropolíticas, aquelas que vamos realizando perto, dentro dos nossos limites, numa conversa, numa reclamação, nas atitudes que tomamos. Entendo o mundo como uma diversidade de pequenos mundos e vou procurando me transformar, colocar minhas posições, meus sentimentos, o que acredito.
E eu acredito mesmo que ela é meu exemplo e a cada dia a admiro mais. Minha irmã é uma mulher da porra! Uma mãe da porra! Um ser humano do caralho!! Não há outros adjetivos para traduzi-la, somente com essas palavras consigo dar ao leitor a dimensão e intensidade do que quero dizer. E vem um homem do caralho por aí, tenho certeza: seu filho. Desde pequeno lida com a diferença e com a obrigação de se respeitar o diferente, até mesmo porque convive comigo, principalmente por ela ser quem ela é.
Ontem participamos de uma manifestação em prol da acessibilidade nessa cidade ingrata que nem quero falar o nome. Três dias depois de termos vivido mais uma situação constrangedora por causa da falta de acesso e principalmente de respeito em relação à pessoa com deficiência, em relação à pessoa. Fomos eu, ela e o pequeno que não entendia, no início, o que estava acontecendo, mas foi tomando pé das coisas ao caminhar junto com o grupo.
Ao contrário dessa situação, nós que tínhamos acabado de nos manifestar pela acessibilidade, nos dirigimos ao Shopping Barra para almoçar e logo de cara encontramos as vagas reservadas às pessoas com deficiência ocupadas por não-deficientes, ou por deficientes de caráter. No mesmo momento, passamos por duas situações idênticas. A segunda com o agravante do pai justificar o ato por levar crianças "a bordo". Essas crianças, espero eu, não tenham como exemplo seu pai, sintam vergonha dele, tentem corrigi-lo, repreende-lo, mas eu duvido.
O que me deixa feliz é dentro do nosso mundo ouvir nosso pequeno dizer e entender: "aqui as pessoas sempre param no lugar errado, né Dudu?". Tenho certeza que ele sabe do que estava falando e que esta fala quer dizer mais do que apenas o parar um carro.
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