quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Amarelo meio amargo por cima do azul

O que mais doeu não foi aquele cheiro ardido e meio amargo entrando pelas narinas, nem ver aquela gosma fedida molhando o sofá. O que me baqueou como um ponta pé na caixa dos peitos foi a certeza da solidão que cresce e habita mais e mais os cantos da gente. Fiquei imaginando aquela casa vazia sem chave virando à porta, os cabides sem roupas, o tapete sem vestígio de cachorro, as traças na poltrona rasgada, os livros mofados no canto da cozinha. Nenhum familiar a tempo de despedida, nenhuma família. Quase  nenhum amigo. E aquela testa franzida como quem sentisse dor, embora o meio-sorriso no canto da boca que babava amarelo por cima da roupa azul.


3 comentários:

soniarpena disse...

Tese nota máxima, descanso e abraços retorno à este blog. Estamos com saudade. Conte, reconte, aponte. No aguardo.
Bjs e carinho de Sonia Pena

soniarpena disse...

Precisamos de vc aqui.

soniarpena disse...

Falar/contar o antes é uma boa oportunidade que as pessoas nos dão para sabermos/aprendermos mais. Creio que compartilhando promovemos mudanças em nossas vidas e, por que não?, de outras pessoas.
Foi importante vc nos brindar com sua história de relação com o teatro e a dança. Homenagear o dia do teatro, sua paixão e carma, foi legal e nós tb o homenageamos pelo escritor, ator e dançarino que estão dentro de vc. Viva 27/03 e viva vc. Carinho e curtição.