segunda-feira, 13 de outubro de 2014

O que Judite me deu

O que Judite me deu? Tantas alegrias, tantos voos, tanta gente querida: Paloma Gioli, Nei, Fau, Valter, Keu, Cate, Mili, Moa, Cintia! Me deu música e dança, David, Fafá, Deco Simões, Sandrinha, Andrea Daltro, Rick, Joana, Marcela, Márcia, Ceumar e Flowers. Me deu um audiolivro livro e uma parceria sonhada com Malu Mader. Me deu Caco, Cassio, Joana e Samuca. Me deu crianças. Me deu o Candoco e a China. Me deu Tempete e Cosme e Damião Duo. Me deu Festival Vivadança, FILO, Corpos Nômades, circulação. Me deu prêmios e editais. Me deu o Despertando Judites. Judite me deu a mim mesmo em momentos de desistências. Me deu tintins, me deu chás, choros e risos. Me deu Caboclo e Bienais. Me deu amig@s. Judite me dá alegrias. Amanhã, ela me dará novamente o sentido de existir, sonhar, viver...


segunda-feira, 6 de outubro de 2014

São Paulo, o Caboclo, Judite e Saudades

São Paulo é sempre uma experiência extasiante e forte. Não lembro de ter ido a Sampa sem ter voltado com coração pequeno, sentindo falta de algo que não sei explicar ao certo. Esta última viagem não foi diferente e talvez tenha sido das mais potentes e arrebatadoras por diversos motivos: Corpo Perturbador, Pilantragem, rio, lago com Cléa, nossas Boduases, mares de Ubatuba, os ares de Ubatuba, aquele verde, os sabores de Neuza, Talitita e a vizinhança, Fê, noites mal-bem dormidas,  Ed's, Samuca, Rachel, marcela, as crianças, meus amores todos que se concentram na Herculano, o vinho até tarde no 06, violão, Princesa, Confesso, Judite, Arthur, Bienal, Caboclo e penas rosas, doces para Cosme e Damião, abraços infinitos.... Infinita é minha gratidão e sem fim é o meu amor. Infinito é o desejo de ficar mais um pouquinho naquela realidade paralela em que passo meus dias junto àquelas companhias.

Voltar só é feliz pelo reencontro com meus aqui: a conchinha dormideira, o café e o sofá maternal, as conversas com a irmã, as brincadeiras com meu menino, meu povo santamarense, minha praça e meu arrocha... É que não tenho visto muito os amigos e pena que meu povo não viu Judite receber aula de vôo em plena 31ª Bienal de São Paulo. Foi assim:

fotos de Felipe Vasconcelos

Visitamos a Casa de Caboclo, emocionados com todo interior daquele menino de cidade grande. Suas penteadeiras e cristaleiras cheias de afetos, infusões, Gals, meus bens e meus males, cachaças, adivinhações, balões e canelas, esteiras e baús, sonhos de penas rosas e capas amarelas, samambaias e lagartas. Então, o Caboclo começou a dançar e a lagarta seguiu seus passos. Daí, seguiram caminhando pelos pavilhões de corredores largos, com obras de artes gigantescas para aquela lagartinha miúda que se esfregava naquele chão frio, vendo os pés do mestre orientando o caminho. De vez em quando, o Caboclo parava, enchia balões que flutuavam no ar com o peso calculado de pedaços de canela. Judite olhava estupefata aquela possibilidade de vôo e brincava com os balões como brincara com as pipas e sonhava com as asas. O Caboclo de olhar generoso e sorriso delicado, contemplava aqueles momentos que quase fizeram a lagarta chorar. Ela que nunca conseguiu...


Desceram a derradeira rampa e se posicionaram ao centro do andar de baixo. Brincaram de voar mais um pouco e a lagarta foi se enrolando, buscando casulo para se espalhar. Mostrou sua vida, seu tempo na janela, fez tim tim, esbanjou a amiga pipa, as flores, o jardim. Sua vida, então, começou a ser adocicada com balas para Cosminho. Era o Caboclo que a transformava num altar com a ajuda de um erê que veio sonhar junto com Judite o sonho que foi do Caboclo. Uma nuvem rosa pairava sobe a cabeça da lagarta enquanto esta dançava imaginando-se solta no ar.

Ahhh, e La vie en rose tocava sem parar!