Voltar só é feliz pelo reencontro com meus aqui: a conchinha dormideira, o café e o sofá maternal, as conversas com a irmã, as brincadeiras com meu menino, meu povo santamarense, minha praça e meu arrocha... É que não tenho visto muito os amigos e pena que meu povo não viu Judite receber aula de vôo em plena 31ª Bienal de São Paulo. Foi assim:
fotos de Felipe Vasconcelos
Visitamos a Casa de Caboclo, emocionados com todo interior daquele menino de cidade grande. Suas penteadeiras e cristaleiras cheias de afetos, infusões, Gals, meus bens e meus males, cachaças, adivinhações, balões e canelas, esteiras e baús, sonhos de penas rosas e capas amarelas, samambaias e lagartas. Então, o Caboclo começou a dançar e a lagarta seguiu seus passos. Daí, seguiram caminhando pelos pavilhões de corredores largos, com obras de artes gigantescas para aquela lagartinha miúda que se esfregava naquele chão frio, vendo os pés do mestre orientando o caminho. De vez em quando, o Caboclo parava, enchia balões que flutuavam no ar com o peso calculado de pedaços de canela. Judite olhava estupefata aquela possibilidade de vôo e brincava com os balões como brincara com as pipas e sonhava com as asas. O Caboclo de olhar generoso e sorriso delicado, contemplava aqueles momentos que quase fizeram a lagarta chorar. Ela que nunca conseguiu...
Desceram a derradeira rampa e se posicionaram ao centro do andar de baixo. Brincaram de voar mais um pouco e a lagarta foi se enrolando, buscando casulo para se espalhar. Mostrou sua vida, seu tempo na janela, fez tim tim, esbanjou a amiga pipa, as flores, o jardim. Sua vida, então, começou a ser adocicada com balas para Cosminho. Era o Caboclo que a transformava num altar com a ajuda de um erê que veio sonhar junto com Judite o sonho que foi do Caboclo. Uma nuvem rosa pairava sobe a cabeça da lagarta enquanto esta dançava imaginando-se solta no ar.
Ahhh, e La vie en rose tocava sem parar!
Nenhum comentário:
Postar um comentário